TAXAÇÃO

"Imposto da Shein" é imposição de Arthur Lira, não de Lula

Lula quer vetar taxação dos 50 dólares, mas presidente da Câmara batalha pela aplicação do imposto

Novo round de embate Lula vs. Lira agora se dá na taxação dos chinesesCréditos: Valter Campanato/Agência Brasil
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Um dos principais fantasmas que assombram o governo Lula é a taxação de produtos importados por menos de US$ 50. O chamado 'imposto da Shein e Shopee', que incidiria não somente sobre as empresas chinesas, mas sobre quaisquer compras no exterior, foi uma crise contínua no ano passado e não deixa a pauta política até o momento.

O governo queria criar uma maneira de regular as compras para evitar a evasão fiscal. Os empresários brasileiros, ameaçados pelos produtos baratos chineses, queriam uma proteção. Até o 'Veio da Havan' entrou no meio, pedindo pela taxação. Protecionismo econômico básico.

Já as redes sociais e a extrema direita ficaram em polvorosa. O apelido de 'Malddad', aposentado desde 2018, voltou ao linguajar do Twitter, afinal, ele queria taxar a muamba produzida em escala industrial na China.

O que fez o governo

O governo viu a crise e decidiu voltar atrás. Instalou o Remessa Conforme para evitar sonegação e implementou a cobrança de ICMS nos produtos de diferentes websites, como AliExpress, Shein, Shopee, Amazon e Mercado Livre. A alíquota estadual, então, começou a ser cobrada. A crise parecia solucionada.

A isenção do imposto de importação de US$ 50 foi mantida.

A reação de Lira

Mas, nesta semana, o presidente da Câmara Arthur Lira (PP-AL) inseriu o chamado jabuti em um projeto de lei que nada tinha a ver com o tema.

Pressionado pela burguesia nacional e sabendo do fato de que Lula pode ter a imagem arranhada pela medida, decidiu colocar o jabuti em um PL sobre mobilidade verde, o Mover.

O projeto de lei 914/2024, que cria o Programa de Mobilidade Verde e Inovação (Mover), tem enfoque na transição energética e a descarbonização do mercado automotivo no país. O texto tem zero relação com impostos sobre importação. Mas vai ser aprovado.

Arthur Lira tem pressionado pela proposta (Foto: Créditos: Mario Agra/Câmara dos Deputados)

O argumento de Lira, convenhamos, não é ruim. "Tivemos acesso a uma pesquisa da FSB, de um instituto, que demonstra que quase 60% dos consumidores dessas empresas são classe A e B", disse Lira. "Então, essa questão de dizer que são os menos favorecidos que vão perder poder de compras... tem que colocar na balança, manutenção de empregos, a indústria nacional, a concorrência com as empresas nacionais, que não estão pedindo isenção, estão pedindo pé de igualdade. Tudo isso os líderes vão decidir com o relator", completou.

Lula contra o imposto

Mas Lula sinalizou que vai vetar a proposta.

“Quando discuti com o [vice-presidente Geraldo] Alckmin, eu disse: ‘Sua mulher compra, minha mulher compra, a filha do [presidente da Câmara, Arthur] Lira compra, a filha de todo mundo compra”, disse Lula. “Quem é que compra essas coisas? São mulheres, a maioria, jovens e tem muita bugiganga. Eu nem sei se essas bugigangas competem com as coisas brasileiras”, indagou o presidente.

“Vai proibir as pessoas pobres? Meninas, moças que querem comprar uma bugiganga, um negocio de cabelo, sabe? Então o que nós temos que tentar é um jeito de não ajudar um prejudicando o outro. Mas tentar fazer uma coisa uniforme. Nós estamos dispostos a conversar e encontrar uma saída", completou Lula.

Agora, resta a Haddad, Padilha e Costa encontrar um caminho para equilibrar as demandas de Lira e da burguesia nacional com o impacto que tal medida poderia ter na popularidade do governo.