Ex-deputado e empresário Antônio Celso Garcia, o Tony Garcia, que afirma ter sido usado por Sergio Moro (União-PR) como agente infiltrado na Lava Jato, declarou, em publicação na rede X neste sábado (18), que o próprio ex-juiz tem divulgado um suposto acordo entre Alexandre de Moraes, presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o "Senado" e seus advogados para absolvê-lo no processo de cassação de seu mandato.
O julgamento teve início na última quinta-feira (19) com a leitura do parecer do relator, o ministro Floriano de Azevedo Marques, que ainda não declarou seu voto. O caso volta à pauta do TSE na sessão da próxima terça-feira (21).
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"O ex-juiz falastrão e seu advogado podem ir colocando as barbas de molho. Moro tem dito que há um “acordo” firmado entre o Senado, o ministro Alexandre e seu advogado para inocenta-lo. São 'favas contadas', dizem eles", escreveu Tony Garcia.
No entanto, o ex-deputado ressalta que "pessoas muito próximas ao ministro [Moraes] afirmam não haver acordo algum, vão além, cravam que o voto do ministro e do relator será pela cassação".
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Segundo Garcia, Moro aposta todas suas fichas no acordo para "voltar à cena política como absolvido" e "ao contrário do que muitos imaginam, não continuará sendo pato manco como querem fazer crer".
"Moro é traidor nato, absolvido, voltará a atacar o STF por ter inocentado o presidente Lula. Terá discurso para ajudar eleger candidatos da extrema-direita nas eleições desse ano", diz Garcia, que salienta ainda que "será um desrespeito à nação e a história do presidente Lula" Moro ser absolvido.
"Moro é uma ameaça claríssima à democracia, tem em seu DNA o fascismo da extrema-direita que permeia o mundo indelevelmente. Absolvê-lo, seria o mesmo que aplaudir o atraso civilizatório que figuras como ele representam".
Entenda: Pacheco e as manobras de Moro
No início de abril, o Tribunal Regional Eleitoral do Paraná (TRE-PR) rejeitou o pedido de cassação do senador, que é acusado de abuso de poder econômico, arrecadação ilícita e uso indevido dos meios de comunicação nas eleições de 2022.
PL e PT recorreram da decisão no TSE, instância distante da influência do ex-juiz da 13ª Vara Federal de Curitiba, responsável pela Lava Jato.
A expectativa é que na corte, Moro seria cassado. No entanto, no último mês o senador, que deixou a magistratura para ser ministro da Justiça de Jair Bolsonaro (PL) antes de se lançar à política partidária, fez uma série de manobras e articulações que torna incerto o resultado do julgamento.
Em meio ao lobby, Moro conquistou um importante aliado: o presidente do Senado Rodrigo Pacheco (PSD-MG), que articulou a defesa do senador junto a ministros do TSE.
Pacheco chegou a se reunir com o presidente da corte, Alexandre de Moraes - que em junho entrega o cargo a Carmém Lucia.
Na defesa de Moro, o presidente do Senado pediu a preservar dos quase 2 milhões de votos que fizeram com que o ex-juiz fosse eleito pelo Paraná - após a Justiça barrar a tentativa de se candidatar por São Paulo.
Pacheco ainda tem na manga a tentativa de reconstruir ponte do Senado com a cúpula do judiciário após bolsonaristas articularem uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que limita decisões monocráticas, aprovada na casa no fim do ano passado.
Nesse contexto, a cassação de Moro - e também de Seif Jr (PL-SC), que pode perder o mandato por ter tido ajuda de Luciano Hang, o véio da Havan - pode voltar a criar cizânia entre os dois poderes.
A ação tem como relator o ministro Floriano de Azevedo Marques, que pediu novas diligências no julgamento de Seif Jr. O processo de Moro pode ter o mesmo destino na sessão desta quinta-feira no TSE.