Neste domingo (7), o empresário sul-africano Elon Musk, que é proprietário do X (antigo Twitter) e da Tesla, utilizou as redes sociais para atacar o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes em uma série de publicações.
Na primeira publicação, Musk acusou o ministro Alexandre de Moraes de ser um censor: "Por que você exige tanta censura?", acusou o empresário.
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Em outra publicação, Elon Musk voltou a atacar o ministro Alexandre de Moraes e o acusou de "violar a Constituição brasileira".
"Em breve, publicarei tudo o que é exigido por Alexandre e como essas solicitações violam a legislação brasileira. Este juiz traiu descaradamente e repetidamente a Constituição e o povo do Brasil. Ele deveria renunciar ou sofrer impeachment. Vergonha, Alexandre, vergonha", disparou o empresário.
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Ação orquestrada com a extrema direita internacional
No entanto, os ataques de Elon Musk contra Alexandre de Moraes e a soberania do Brasil não são parte de um ato tresloucado de um empresário megalomaníaco, mas parte de uma ação orquestrada para desestabilizar o país, como indicado pelo deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP).
Por meio de seu perfil no X, Eduardo Bolsonaro fez algumas publicações que apontam para uma ação orquestrada com os principais líderes da extrema direita europeia.
Algumas horas após os ataques de Elon Musk, o líder do Chega!, partido da extrema direita portuguesa, André Ventura, publicou um vídeo com ataques ao Brasil e ao ministro Alexandre de Moraes, o qual foi compartilhado por Eduardo Bolsonaro com a seguinte frase: "Nossa liberdade não está em risco, já é diariamente violada".
Na publicação, André Ventura dispara contra o presidente Lula e o ministro Alexandre de Moraes e afirma que ambos trabalham juntos para impor "uma ditadura no Brasil".
"Tínhamos razão quando confrontamos Lula da Silva no Parlamento. Está a instalar uma ditadura, está a instalar um autoritarismo no Brasil [...] o ministro Alexandre de Moraes tem sido o grande amigo de Lula em todo processo eleitoral e o grande carrasco de Jair Bolsonaro e de todo movimento político contestatório de Lula", afirma André Ventura.
Posteriormente, Eduardo Bolsonaro compartilhou uma publicação de Santiago Abascal, líder do VOX, partido de extrema direita da Espanha. Na publicação, Abascal repete o discurso de Ventura e afirma que "Alexandre de Moraes é o carcereiro preferido de Lula".
"Não há justiça onde as liberdades políticas, de expressão e de imprensa estão suspensas e onde metade da população está sob suspeita por não concordar com o presidente que foi condenado por corrupção. Nenhum governo democrático pode permanecer calado face a tal indignação liberticida", acusa Santiago Abascal.
Além de replicar os dois líderes da extrema direita europeia, outras publicações de Eduardo Bolsonaro mostram que tudo estava planejado, pois ao mesmo tempo em que Alexandre Moraes e a soberania brasileira eram atacadas por atores estrangeiros, o deputado aproveitou para divulgar dois eventos: uma live com seu pai, o ex-presidente Jair Bolsonaro, e um evento da extrema direita brasileira.
Como se vê, se tem uma coisa que não existe neste ataque contra o Brasil liderado por Elon Musk é coincidência. Há uma operação da extrema direita em curso e ela visa desestabilizar o governo Lula e alimentar as hostes golpistas.
Alexandre de Moraes inclui Elon Musk no inquérito das fake news
O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, decidiu incluir neste domingo (7) o bilionário Elon Musk no inquérito das fake news. O dono do X, antigo Twitter, tem feito coro com os bolsonaristas nos últimos dias e promovido uma série de ataques contra o ministro, o STF, o Governo Lula e a própria democracia brasileira.
Trechos da decisão de Moraes foram divulgados no próprio X-Twitter, pelo perfil "Eixo Político".
“As atividades desenvolvidas na internet são regulamentadas no Brasil, em especial pela Lei 12.965/14 (Marco Civil da Internet) (…) O ordenamento jurídico brasileiro prevê, portanto, a necessidade de que as empresas que administram serviços de internet no Brasil atendam todas as ordens e decisões judiciais, inclusive as que determinam o fornecimento de dados pessoais ou outras informações que possam contribuir para a identificação do usuário ou do terminal, ou ainda, que determinem a cessação da prática de atividades ilícitas, com bloqueio de perfis”, diz trecho da decisão de Moraes.
O ministro aponta a seguir que provedores de redes sociais e de serviços de mensagens privadas têm as mesmas responsabilidades que os gestores de outros meios de comunicação, mídia e publicidade digital. “Principalmente quando direcionam ou monetizam dados, informações e notícias veiculadas em suas plataformas”, agregou o ministro.
Ao final da decisão, Moraes determina a inclusão de Elon Musk no inquérito das fake news, acusado de “dolosa instrumentalização criminosa.” Ele também proibiu a empresa de reativar perfis tirados do ar por decisão judicial e determina a abertura de investigação contra o magnata por suspeita de obstrução de justiça.
“A provedora de rede social X deve se abster de desobedecer qualquer ordem judicial já emanada, e inclusive realizar qualquer reativação de perfil cujo bloqueio foi determinado por essa Suprema Corte”, finaliza a decisão.
O “Twitter Files Brazil”
Os ataques começaram na última quarta-feira (3) com a divulgação do, assim chamado, Twitter Files Brazil, pelo jornalista americano Michael Shellenberger. O dossiê do profissional ganhou muito destaque em meios de extrema direita por expor supostas conversas entre o Judiciário brasileiro e a cúpula do escritório do Twitter no Brasil. Para o jornalista, os insistentes pedidos de retirada de portagens, perfis e entrega de dados de usuários que difundem fake news – a maioria de extrema direita – seriam “ameaças à liberdade de expressão e à democracia”.
Nos dias subsequentes o próprio Elon Musk passou a fazer ataques a Moraes e ao Governo Lula. Em relação ao ministro do Supremo, sugeriu que renunciasse ou sofresse um processo de impeachment.
O Brasil reagiu aos ataques da extrema direita global. A Advocacia-Geral da União respondeu a Musk com um pedido de que voltasse à pauta a regulação das redes sociais. No Congresso, o deputado federal Orlando Silva (PcdoB-SP), que é relator do PL das Fake News, pediu que o texto volta a ser discutido.
Ricardo Cappelli, o presidente da Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI), chegou a pedir o banimento do Twitter no Brasil. E o PT, partido do presidente Lula, publicou uma nota firme em que definiu a conduta do bilionário como um “atentado à soberania".
Anatel deixa operadoras de sobreaviso
Também neste domingo (7) a imprensa nacional noticiou que Moraes teria notificado a presidência da Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações) pedindo os procedimentos necessários para tirar o X do ar. De acordo com matéria do Uol, o contato teria sido feito via Superior Tribunal Eleitoral (TSE).
Carlos Baigorri, presidente da Anatel, então teria acionado as operadoras de telefonia e internet para que ficassem de prontidão para tirar a plataforma do ar caso chegasse uma ordem do Supremo.
Pouco antes, Elon Musk fez postagens contra Moraes, intimando-o a pedir renúncia e os meios de comunicação nacional apontavam que o escritório do X no Brasil aguardavam ordens do bilionário para recolocar no ar os perfis retirados pelo STF.
Bolsonaro admite que Musk serve aos seus interesses
O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), investigado por tentar dar um golpe de Estado, gravou um vídeo nas redes sociais ao lado do seu filho Eduardo para comentar o caso. Durante a gravação, ele admite que Elon Musk está agindo para favorecer os seus interesses e solta mais uma bravata: “amanhã teremos mais informações”.
“Sobre a questão do Twitter, que é o assunto do momento, eu não quero me precipitar e falar algumas coisas porque até amanhã mais informações teremos. Também vamos ver o que podemos fazer via Partido Liberal (PL) para que a nossa liberdade de expressão seja garantida. E nós temos agora um apoio de fora do Brasil muito forte”, disse Bolsonaro.