Ex-secretário da Pesca no governo Jair Bolsonaro (PL), o senador Jorge Seif Jr. (PL-SC) pode ter o mandato cassado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) que julga nesta quinta-feira (4) uma ação que o acusa de ter sido financiado pelo empresário catarinense, Luciano Hang, o véio da Havan, que teria colocado a estrutura da empresa à disposição de sua candidatura em 2022.
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Bajulador contumaz do clã Bolsonaro, Seif Jr. teve um caminhão de sua empresa, a JS Pescados, apreendido em abril de 2023 com 322 quilos de maconha na região de Naviraí (MS).
Entre a carga de pescado, a polícia encontrou diversos tabletes de maconha em caixas com as iniciais JS, de Jorge Seif, nome da empresa.
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Às vésperas do julgamento, Seif Jr. não demonstrou preocupação e fez troça ao apontar, em entrevista ao jornal O Globo, Michelle Bolsonaro (PL) como possível sucessora, caso perca a cadeira no Senado.
“O que vai acontecer em Santa Catarina (se o TSE decidir pela cassação)? Vai acontecer que o PL, o presidente Bolsonaro, o nosso grupo, com os valores que nós representamos, vai eleger o próximo senador. Vão trocar Seif por outra pessoa, por Michelle Bolsonaro, por Eduardo Bolsonaro. Vão trocar seis por meia dúzia”, ironizou.
Processo
Seif Jr. é alvo de uma ação movida pelo PSD por suposto abuso de poder econômico. O partido do ex-governador Raimundo Colombo diz que Seif usou toda a estrutura da rede de lojas Havan e que o empresário Luciano Hang foi um grande cabo eleitoral do senador.
Mesmo com as contas bloqueadas à época, o véio da Havan teria doado cerca de R$ 300 mil a Seif Jr. Além disso, Hang teria usado o mailing e e-mail corporativo da rede de lojas para enviar "santinhos" do candidato bolsoanrista.
A legislação proíbe doações e contribuições de empresas, que se enquadra em abuso do poder econômico, um crime eleitoral.
O PSD ainda teria apresentado na ação relatórios de voos do helicóptero de Luciano Hang, material que serviu de propaganda e imagens do empresário pedindo voto para o senador.
Caso seja condenado, Seif Jr. e o suplente, Adrian Censi, perdem o mandato e podem ficar inelegíveis por oito anos.
Quem também pode perder o emprego, caso a chapa seja cassada, é Jair Renan Bolsonaro. Recém filiado ao PL e com pretensões de disputar uma vaga na Câmara de Balneário Camboriú, o filho "04" do ex-presidente é empregado de Seif Jr., que o colocou em um cargo comissionado em seu gabinete em Santa Catarina.
Maconha
Após a divulgação das imagens do caminhão de sua empresa com a droga, Seif Jr. divulgou um vídeo nas redes sociais com uma explicação surreal sobre os 322 quilos de maconha apreendidos pela Polícia Rodoviária Federal (PRF) em um caminhão da JS Pescados.
No vídeo, Seif Júnior admite que "de fato esse veículo foi de propriedade de minha família", mas de forma esfarrapada diz que o caminhão foi vendido de forma parcelada e que só seria transferido para o novo dono após o pagamento de todas as parcelas.
"De fato esse veículo foi de propriedade de minha família, mas no ano passado foi vendido exatamente na data de 9 do 9 de 2022 com o devido registro cartorário na cidade de Itajaí, Santa Catarina, para um terceiro", diz o senador, que emenda: "O veículo foi vendido de forma parcelada, então só transferiríamos esse bem para esse terceiro que nos comprou mediante quitação que até o momento não ocorreu".
Em março passado, Seif Jr. votou a favor do projeto que criminaliza o usuário flagrado com quaisquer quantidades de drogas na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado.
De forma teatral, como costuma fazer, discursou contra a descriminalização do usuário, tema que vem sendo debatido no Supremo Tribunal Federal (STF).
"Temos que aprender com os exemplos do mundo inteiro. Nenhum país que avançou na descriminalização das drogas ou na liberação das drogas teve êxito. Pelo contrário, mais assassinato, mais criminalidade, mais vício, problemas mentais, suicídios, brigas dentro de casa, acidentes de carro... Só desgraça!", disse ele, que segue impune sobre o possível tráfico de drogas no caminhão da família.