Em entrevista à GloboNews neste domingo (21), o ministro de Relações Institucionais Alexandre Padilha, articulador do governo Lula com o Congresso e, em especial, com a Câmara dos Deputados, minimizou a importância da crise entre o executivo e o parlamento.
"Não tem crise. Qualquer dificuldade de relação, diálogo, está absolutamente superada", disse.
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"Fico sempre à disposição para conversar. Fico feliz que o diálogo está mantido porque nosso líder do governo no Câmara que tem mantido esse papel. Nosso diálogo com todos os líderes da Câmara, não só da base mas também da oposição, está absolutamente mantido", completou.
A chantagem de Lira
Desde dezembro, o relacionamento entre Padilha e Arthur Lira (PP-AL), presidente da Câmara, tem se esgarçado. Na semana passada, o alagoano chamou o petista de "incompetente" e aumentou a pressão contra o ministro.
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Lira quer mais emendas, recursos e cargos no Governo Federal. Chantageia o governo e mantém um acordo tácito com o bolsonarismo que mantém a Câmara sempre à beira de uma crise.
Padilha faz concessões. No ano passado, por exemplo, indicou, sob demanda de Lira, André Fufuca (PP-MA) para o ministério dos Esportes e Silvio Costa Filho (Republicanos-PE) para o ministério de Portos e Aeroportos.
Agora, uma batalha pelo orçamento se dá no Senado e na Câmara. Lira e Pacheco querem expandir as "emendas pix" - transferências diretas -, que saem direto do cofre do executivo para que os deputados executem obras em seus currais eleitorais.
O governo resiste e tenta batalhar para manter seu orçamento em dia para realizar entregas. Ainda mais em um ano de eleições municipais.
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O ponto de inflexão entre Padilha e Lira foi a questão Chiquinho Brazão (UB-RJ). A manutenção da prisão do deputado, acusado de ser o mandante do assassinato de Marielle Franco, passou por voto na Câmara.
Lira queria tirá-lo da cadeia, porque fez um acordo com o bolsonarismo. Padilha "virou votos" e conseguiu manter o parlamentar preso.
A vitória foi um tour de force de Padilha. Lula dobrou a aposta e afirmou que, "só de teimosia", manteria o ministro "por muito tempo".
"Da minha parte, não tem qualquer rompimento de diálogo", disse Padilha. Agora, a bomba está no colo de Lira.