Professor de Direito Constitucional da Puc-SP e um dos juristas mais renomados do país, Pedro Serrano se mostrou indignado com a narrativa da horda bolsonarista em torno da Ordem dos Advogados Conservadores do Brasil (OACB), criada em 2019 por apoiadores de Jair Bolsonaro (PL) para atacar instituições, em especial o Supremo Tribunal Federal (STF).
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A OACB tinha ainda como objetivo ser confundida com a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), entidade oficial representativa da classe, que processou a organização fake.
O processo e a decisão de Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), que bloqueou os perfis da "Ordem" fake constam no relatório divulgados pelo parlamentar trumpista Jim Jordan com inquéritos sigilosos sobre o bloqueio dos perfis na rede X, de Elon Musk.
Bolsonaristas usaram o caso como prova da "narrativa" de "censura" pela "ditadura do judiciário" no Brasil.
Para Serrano, no entanto, a narrativa é mais uma ficção e mostra que, em nenhum lugar do mundo, a ultradireita fascista cria tamanhos factóides para tentar jogar parte da opinião pública contra a Justiça.
"Um perfil é criado usando ilicitamente o nome “Ordem dos Advogados… do Brasil” para veicular uma notícia falsa , inclusive com imagens falsas, para promover violência contra as instituições em especial o STF. A OAB federal( a verdadeira) pede ao Ministro Alexandre que suprima a veiculação de imediato , ele concede a ordem E tem gente achando que isso era prática correta de livre expressão???? Posso usar falsamente a identidade de uma instituição criada por lei para promover crime como forma protegida de expressão?? Onde no mundo??", indaga o jurista, mostrando indignação.
Serrano ainda lembra o caso envolvendo o jornal Folha de S.Paulo e a paródia, Falha de S.Paulo, que foi parar na Justiça.
"Me lembro quando a Folha de São Paulo entrou com um processo contra um site de sátira chamado “ Falha de São Paulo” pelo uso indevido do nome e pediu a supressão da publicação do site e conseguiu ordem judicial nesse sentido".
Com o mesmo slogan de Bolsonaro - Deus, Pátria, Família, Liberdade -, a OACB foi criada por um grupo de advogados apoiadores de Bolsonaro e confundir a população a respeito da OAB.
Em 2021, a entidade entrou na mimra do Conselho Federal da OAB após divulgar uma espécie de "disque-denúncia" para que internautas reportem a eles quaisquer ofensas a Bolsonaro e família.
"Se você receber ou se deparar com vídeos, fotos, ou qualquer outro tipo de postagem ofensiva ao presidente Jair Bolsonaro, sua família e membros do seu governo, seja por parte de políticos, artistas, professores ou qualquer um do povo, envie o material para o e-mail", diz uma imagem divulgada pelo grupo. "VAMOS PROCESSAR TODOS", prometia, em letras garrafais.
Relatório lunático
Celebrado na horda bolsonarista como uma ajuda dos EUA à narrativa da "ditadura do judiciário" no Brasil, o relatório "O ataque à liberdade de expressão no exterior e o silêncio da administração Biden: o caso do Brasil", divulgado pelo trumpista radical Jim Jordan é, na verdade, um compilado dos crimes cometidos por apoiadores de Jair Bolsonaro (PL) contra Lula durante o processo eleitoral.
Os documentos e decisões sigilosas de Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), revelam a estratégia do gabinete do ódio em espalhar fake news em meio ao processo eleitoral de 2022, vencido por Lula, e sustentam a decisão do ministro para bloqueio de centenas de perfis na rede X, de Elon Musk, além do Facebook e Instagram.
No relatório de 541 páginas, composto na maioria por atos processuais da justiça brasileira, há, por exemlo, um parecer do ministro Benedito Gonçalves, do Ttribunal Superior Eleitoral (TSE), que lista uma série de mentiras propagadas pelo próprio Bolsonaro contra Lula, ecoada nas redes sociais.
Entre os ataques, estão a fake de que Lula "defende a lunática pauta de que a criança toque em homem pelado em museu", a de que o então candidato "promove ataques à religião, apoia o narcotráfico, incentiva o uso de drogas, realiza rituais satânicos e, se eleito, iria liberar a prática abortiva".
O documento mostra ainda a propagação da fake news associando Lula "ao assassinato de um cinegrafista e à ordem de assassinato do [então] presidente Jair Bolsonaro", em relação à facada desferida por Adélio Bispo dos Santos durante a campanha de 2018.