Afastado de suas funções pelo corregedor-nacional de Justiça, Luís Felipe Salomão, nesta segunda-feira (15), o desembargador Carlos Eduardo Thompson Flores, ex-presidente do Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4), manobrou com o ex-juiz da 13ª Vara Federal Sergio Moro, atual senador pelo União-PR, para manter Lula na prisão após Rogério Favretto conceder a liberdade durante seu plantão na corte em 8 de julho de 2018.
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À época, Lula estava preso na Superintendência da Polícia Federal (PF) em Curitiba por ordem de Moro, que estava em férias na ocasião.
De plantão no TRF-4 em um domingo, Favreto decidiu logo pela manhã pela soltura de Lula, que estava em prisão preventiva, já que a condenação não havia tramitado em julgado.
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Em vez de cumprir a decisão, o delegado da PF teria avisado Moro, que emitiu nota dizendo que Favreto era "absolutamente incompetente" para tomar a decisão.
Favreto contrariou Moro, um juiz de 1ª Instância, e emitiu novo despacho determinando a soltura imediata do então ex-presidente.
O ex-juiz, então teria acionado o TRF-4 e o desembargador federal João Pedro Gebran Neto, relator dos processos da Lava Jato em segunda instância, determinou que não fosse cumprida a decisão.
Favreto, no entanto, voltou a ordenar a soltura de Lula. Mesmo assim, o então ex-presidente foi mantido no cárcere até a decisão final, de Thompson Flores, já na noite do domingo.
"Nessa equação, considerando que a matéria ventilada no habeas corpus não desafia análise em regime de plantão judiciário e presente o direito do Des. Federal Relator em valer-se do instituto da avocação para preservar competência que lhe é própria (Regimento Interno/TRF4R, art. 202), determino o retorno dos autos ao Gabinete do Des. Federal João Pedro Gebran Neto, bem como a manutenção da decisão por ele proferida no evento 17", destacou Thompson Flores no despacho.
Intimidade com militares
Amigo íntimo do general Hamilton Mourão, ex-vice presidente no governo Jair Bolsonaro (PL) e atual senador pelo Republicanos-RS, Thompson Flores deu palestra no Clube Militar do Rio de Janeiro, berço do bolsonarismo, em agosto de 2018.
Ao final de sua explanação, o juiz de 2ª instância fez questão de ir até Mourão para, em tom familiar, o classificar como “meu dileto amigo”. Ao final, ainda recebeu um presente do militar.
A troca de afagos com os militares seguiu no Comando Militar do Sul, parte da 3ª Região Militar do Exército Brasileiro, que dias depois prestou homenagem aos desembargadores Leandro Paulsen e Victor Luiz dos Santos Laus, em ato com a presença do então presidente do RF-4.