Nos bastidores da Câmara dos Deputados, alvoroçada pela votação que pode anular a decisão do ministro Alexandre de Moraes e soltar o deputado Chiquinho Brazão, uma figura do passado, tão ou mais poderosa que o deputado Arthur Lira hoje, trabalha como sempre gostou fazer: nas sombras.
Inelegível, ele usa o gabinete da filha, a deputada Dani Cunha, para trabalhar em favor da soltura de Brazão, acusado de ser um dos mandantes do assassinato da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes.
Eduardo Cunha (sim, ele mesmo, o ex-deputado e presidente da Câmara no impeachment de Dilma, cassado por corrupção e inelegível até 2027) tem conversado com vários deputados e conquistado votos em favor da liberdade de Brazão, usando como argumento que a prisão não teria sido feita em flagrante.
E o lobby de Eduardo Cunha parece estar dando certo. Segundo o relator do caso na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), deputado Darci de Matos (PSD-SC), muitos deputados têm mudado o voto após ouvirem Cunha:
"Até alguns dias atrás, eu diria que o meu relatório passaria com tranquilidade. Agora, está mais difícil. Os deputados parecem muito divididos."
Fato é que o ex-deputado ainda tem muito prestígio na Casa e está afiando armas para a batalha da próxima eleição à Presidente da Câmara, no início de 2025.
A deputada Erika Hilton (SP), líder do PSOL na Câmara, afirma que uma votação contrária à prisão de Chiquinho Brazão seria "uma desmoralização total da própria Câmara".
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