O PDT e o PSDB têm trabalhado para uma possível aliança a partir das eleições gerais de 2026, conforme apuração do Globo. Na semana passada, o ex-governador do Ceará e cabo eleitoral do PDT, Ciro Gomes, se reuniu com a liderança tucana para conversar sobre uma federação, após fracos desempenhos das legendas no pleito de 2022.
Ciro encontrou-se com o presidente nacional do PSDB, Marconi Perillo, e com o senador Tasso Jereissati (PSDB-CE), em Fortaleza, capital cearense. "Tivemos uma conversa boa em Fortaleza. Perguntei se havia sinal verde para a gente prosseguir nesse diálogo e ambos disseram que sim", relatou Perillo.
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A proposta de união foi motivada pelo receio das siglas não atingirem a cláusula de barreira, mecanismo eleitoral que condiciona direitos partidários no Congresso ao desempenho nas eleições. Dentre os direitos, estão o acesso ao dinheiro do fundo partidário, a propaganda gratuita no rádio e na televisão e a estrutura de liderança partidária.
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"Portanto, a gente vai continuar conversando e eu vejo boa possibilidade de federarmos com eles", declarou o presidente do PSDB. Ele indica que a legenda procura ampliar a federação já firmada com o Cidadania e espera que o partido aliado também tenha o interesse de reafirmar a parceria.
Para o presidente do Cidadania, Comte Bittencourt, o assunto deve ser discutido internamente apenas daqui alguns meses, visto que a prioridade do partido são as eleições municipais, realizadas em outubro. Bittencourt mostrou-se disposto a discutir a aliança com o PDT, e afirmou que o Cidadania possui relação histórica com os trabalhistas.
Os dirigentes também levantaram a possibilidade de acionar o Podemos para formar a federação. O partido, porém, negou tratativas formais e confirmou que houve uma procura da parceria PSDB-Cidadania, meses atrás, para a composição do campo nas eleições de 2026.
A proximidade entre os tucanos e pedetistas acumula uma relação construída por décadas e que teve um tom diferente nos últimos meses. Liderança nacional do PDT, Ciro Gomes se elegeu governador do Ceará pelo PSDB, em 1990, e permaneceu no partido por mais sete anos.
Em outubro de 2023, Ciro compareceu à convenção estadual dos tucanos no Ceará em uma tentativa de aproximação para formar aliança. O pedetista demonstrou apoio ao ex-governador Tasso Jereissati e sinalizou a união das siglas na atuação política.
"O Ceará, Fortaleza, precisa muito de Tasso Jereissati e do PSDB. E contem conosco, contem conosco, porque esse pedaço de PDT que tá aqui não aceita suborno", discursou.
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Apostas antigas
Nas eleições de 2022, o PSDB não lançou candidatura própria desde a redemocratização, um sinal da perda de poderio eleitoral. A fragilidade também foi vista no PDT com o candidato à presidência, Ciro Gomes, que somou somente 3% dos votos válidos no primeiro turno.
No último sábado (16), o PSDB decidiu apostar em uma renovação do partido com uma figura antiga. Nas redes sociais, a legenda publicou um vídeo do deputado federal Aécio Neves (PSDB-MG) como uma alternativa à polarização – vista nas eleições de 2022, na disputa entre Lula (PT) e Jair Bolsonaro (PL).
"Existe vida inteligente entre os dois extremos. E a história do PSDB nos faz ter a certeza de que estamos no caminho certo. Um caminho que não é contra ninguém, mas a favor do Brasil", diz Aécio, como garoto-propaganda tucano.