Apesar de ter baseado suas últimas duas campanhas eleitorais em ataques e críticas ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o ex-governador Ciro Gomes (PDT) iniciou o que aparenta ser um processo de reaproximação com o campo político do mandatário.
Nesta sexta-feira (1), Ciro se reuniu com Aloizio Mercadante, um dos fundadores do PT e atual presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), e com a diretoria da instituição. Mercadante foi indicado para o cargo por Lula e tomou posse em fevereiro deste ano.
Ao divulgar imagens do encontro, Ciro Gomes elogiou o trabalho de Mercadante no comando do banco público.
"Me reuni hoje com o presidente do BNDES, Aloizio Mercadante, e sua diretoria, para debater sobre política industrial para o Brasil. A atual gestão do Banco tem feito um trabalho importante com o intuito de reindustrializar nosso país", escreveu.
Morde e assopra
Em maio deste ano, Ciro ministrou uma palestra na Universidade de Lisboa, em Portugal, para falar sobre o atual cenário político e econômico do Brasil. Essa foi a primeira vez que o pedetista analisou a política brasileira desde sua derrota na eleição de outubro de 2022.
Candidato à presidência no último pleito, Ciro passou toda a campanha fazendo ataques pesados ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o comparando a Jair Bolsonaro, quase colocando o petista como o outro lado da moeda do radical de extrema direita. Em seu pronunciamento na universidade da capital portuguesa, entretanto, houve uma adequação do discurso, que ainda contém críticas mas, agora, também carrega alguns elogios ao atual presidente.
Em dado momento, por exemplo, Ciro Gomes chegou a exaltar a popularidade de Lula:
"O Lula é popularíssimo, merecidamente, eu ajudei a vida inteira, como creio estar ajudando ainda, embora de outro jeito".
Apesar de alguns elogios, Ciro não poupou críticas a Lula, com quem já trabalhou como ministro no primeiro governo do petista. De acordo com o pedetista, o atual chefe do Executivo é "o responsável pelo reacionarismo" no país.
“Lula não tem compromisso com a mudança do Brasil. Ele é o responsável pelo reacionarismo vigente, porque ganha com isso", declarou.
O candidato do PDT à presidência em 2022 ainda disparou contra a atual taxa de juros imposta pelo Banco Central (BC), que também é criticada por Lula, e disse que, se fosse presidente, demitiria o presidente da instituição, Roberto Campos Neto, que tem mandato até dezembro de 2024.