Em entrevista ao programa Fórum Café desta quarta-feira (20), o historiador e dirigente do Partido dos Trabalhadores Valter Pomar afirmou que o governo Lula tem dado sinais de "covardia política" em relação ao silêncio oficial sobre os 60 anos do golpe de 1964.
O governo tem se posicionado de maneira contrária a manifestações por memória dos 60 anos do golpe que implantou uma ditadura cívico-militar no país. A decisão, liderada por Lula, tem sido alvo de críticas internas por parte da base aliada, inclusive de petistas históricos, como o próprio Valter Pomar.
Te podría interesar
Ele criticou duramente a hipótese de que o silêncio das esquerdas vai abafar a extrema direita. "O lado de lá está convocando atividades para o dia 31 de março, para o dia 1º de abril, as redes sociais da extrema direita vão se mobilizar. Se a gente ficar calado e se o governo, que tem poder de mobilização, tem capacidade de falar com muita gente e não se posicionar, isso não vai calar o outro lado, não vai silenciar o outro lado", afirma. "É uma manifestação de covardia política", afirma.
Na visão do petista, é necessário aumentar a polarização e conquistar espaços. "Trocar o silêncio dos quartéis pelo silêncio do resto do governo é colocar no mesmo plano, mas responde à ideia de não polarizar. E essa ideia de não polarizar é um equívoco imenso. De um lado tem uma direita que polariza e de outro lado tem um pedaço da esquerda que não quer polarizar. E o resultado é que a direita que polariza está crescendo", completa.
Te podría interesar
Golpe atrás de golpe
Valter tem sido ávido crítico da decisão do governo e de parte do petismo de tentar conciliar com os golpistas. "A mesma lógica que levou a colocar o Alckmin na vice levou a, nesse momento, não querer fazer atividades relativas ao golpe de Estado. É a mesma lógica", afirma.
Segundo ele, o PT tem decidido conciliar com o golpismo de há anos. "Essa parola começou em 2016, quando logo depois do impeachment da presidenta Dilma, quando o cadáver ainda estava aqui na sala, o então senador Humberto Costa deu uma entrevista à revista Veja propondo que nós votássemos na eleição da presidência da Câmara e na presidência do Senado em golpistas. E ele cunhou uma frase fantástica, 'vamos virar a página do golpe'.", continuou Pomar.
"Veja que isso criou escola. Demorou para criar escola, porque antes de virar a página do golpe, teve outros golpes. Teve o golpe contra o Lula em 2018, a sua condenação, prisão e interdição eleitoral. Teve o golpe eleitoral com a vitória do Cavernícula. Demorou, mas no final das contas, essa ideia de virar a página do golpe foi criando força. Primeiro com a inclusão do Alckmin na chapa, depois com uma série de outras concessões e agora com essa, que tem um simbolismo enorme. E esse simbolismo é grave", completou o historiador.
Veja a entrevista completa de Valter Pomar ao Fórum Café nesta quarta-feira (20):