QUEM MANDOU MATAR MARIELLE?

Marielle Franco: Chiquinho Brazão é o deputado citado como mandante do crime, diz jornalista

Deputado fez campanha em 2022 para Bolsonaro, que deu passaporte diplomático à esposa e filhos dele. Chiquinho é irmão de Domingos Brazão, conselheiro do TCE-RJ já citado como mandante do duplo assassinato.

Chiquinho Brazão na Câmara e em campanha para Bolsonaro em 2022, ao lado de Flávio.Créditos: Mario Agra Câmara dos Deputados / Rede X
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O jornalista Guilherme Amado afirma em sua coluna no site Metrópoles que o deputado federal Chiquinho Brazão (União-RJ) é a autoridade com foro privilegiado citada em delação premiada pelo ex-PM Ronnie Lessa nas investigações conduzidas pela Polícia Federal (PF) sobre o duplo assassinato de Marielle Franco e Anderson Gomes em março de 2018.

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O jornalista diz que a informação foi confirmada por "fontes do Supremo Tribunal Federal", o STF. O caso foi levado à corte justamente após Lessa, acusado de ser o executor do crime, citar uma autoridade com foro privilegiado. O deputado não se pronunciou até o momento.

Em entrevista coletiva nesta terça-feira (19), o ministro Ricardo Lewandowski, da Justiça e Segurança Pública, anunciou que a delação do ex-PM, vizinho de Jair Bolsonaro (PL) no condomínio Vivendas da Barra, no Rio, foi homologada pelo relator do caso no Supremo, Alexandre de Moraes.

“Está homologada a colaboração premiada do ex-policial Ronnie Lessa, depois de ele ter passado no dia de ontem por uma audiência com o juiz auxiliar e o ministro Alexandre de Moraes, em que confirma todos os termos da delação premiada", disse o ministro.

Chiquinho Brazão

Caso a informação seja confirmada, Lessa teria, então, denunciado os irmãos Chiquinho e Domingos Brazão como os dois mandantes do assassinato da vereadora e de seu motorista. A causa provável do crime é a posição da vereadora contra negociatas de imóveis em áreas dominadas pela milícia.

Atual conselheiro do Tribunal de Contas do Estado do (TCR-RJ), Domingos Brazão foi o pioneiro da família Brazão na política, sendo eleito vereador pelo PL, atual partido em Bolsonaro, em 1996. 

Em 1998 chegou à Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj), onde permaneceu até 28 de abril de 2015. Como deputado estadual, atuou em dobradinha com Flávio Bolsonaro (PL-RJ), filho "01" do ex-presidente e atual senador.

Apoio a Bolsonaro

Em 2022, Chiquinho Brazão fez campanha para Jair Bolsonaro, de quem recebeu diversas benesses durante o primeiro mandato do ex-presidente, derrotado por Lula.

Em suas redes sociais, Chiquinho compartilhou diversos vídeos em outubro de 2022 fazendo campanha para Jair Bolsonaro, inclusive ao lado do senador e filho do ex-presidente Flávio Bolsonaro.

Em 9 de julho de 2019, João Vitor Moraes Brazão e Dalila Maria de Moraes Brazão, filho e esposa do deputado federal Chiquinho Brazão (Avante-RJ), receberam do governo Bolsonaro passaportes diplomáticos.

A família Brazão historicamente tem laços tanto com o clã Bolsonaro como com grupos milicianos do Rio de Janeiro.

Em 2018, quando era vereador, Chiquinho se encontrou com o miliciano Cristiano Girão. O encontro aconteceu no dia 7 de março, uma semana antes do assassinato de Marielle e Anderson.

Girão e Ronnie Lessa, que teria delatado os irmãos Brazão, vão a júri popular pelo assassinato do ex-policial André Henrique da Silva Souza, o André Zóio, e a companheira dele, Juliana Sales de Oliveira, de 27 anos, em 14 de junho de 2014.

Girão, que também foi vereador, está preso desde 2021, quando foi condenado por liderar a milícia da Gardênia Azul, em Jacarepágua, na zona Oeste do Rio.