O empresário bolsonarista Frederico Carvalho foi preso na última quinta-feira (29) pela Polícia Federal em Palmas, capital do Tocantins, com um verdadeiro arsenal em sua mansão, com cerca de 70 armas, e centenas de milhares de reais em dinheiro vivo. Entre suas atividades golpistas, ajudou a organizar o bloqueio de uma ponte na rodovia TO-080, próxima a Palmas, durante os protestos contra o resultado das eleições de 2022.
Além de fornecer pneus para o bloqueio da ponte, ele também levou a família toda ao protesto. De acordo com a Polícia Civil local, em relatório enviado ao Supremo Tribunal Federal, há provas de que seu carro foi visto chegando à mobilização em primeiro de novembro.
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Carvalho foi alvo da 25ª fase da Operação Lesa Pátria, que investiga o braço “popular” do golpismo bolsonarista, ou seja, os empresários que financiaram e os militantes que protagonizaram crimes durante esse processo.
Nesta fase da operação, além de Carvalho outros sete investigados foram alvos de busca e apreensão por conta do mesmo bloqueio de estrada. Mas nenhum dele tinha tantas armas em casa. Nem tanta grana.
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O trecho ficou ocupado pelos bolsonaristas por três dias, de 31 de outubro a 3 de novembro de 2022. Durante o período, a PF diz que os manifestantes tiveram o “controle da via” e decidiram quais veículos poderiam passar. Após o dia 3 o grupo se dirigiu ao 22º Batalhão de Infantaria do Exército, em Palmas, onde montou acampamento.
O empresário alega que levou os pneus ao local a pedido de terceiros e que o objetivo seria o de “organizar o trânsito”. Mas a polícia guardou vídeos publicados pela sua esposa nas redes sociais em 2 de novembro. Nas imagens ela dizia que o marido estaria na rua “lutando por um país” que não os “pertencia mais”.
Armamentista “importado” dos EUA
Na casa do empresário Frederico Carvalho a PF encontrou 70 armas, incluindo alguns de grosso calibre, e dinheiro em espécie: 110 mil dólares e 26 mil euros que, juntos, equivalem a R$ 690 mil. Entre os armamentos estão incluídos alguns de grosso calibre.
Carvalho morou por mais de 30 anos nos EUA, de onde trouxe os armamentos em novembro de 2021, quando retornou ao Brasil. No entanto, na ocasião teve as armas retidas na Receita Federal e entrou na Justiça para liberar os equipamentos meses depois, em maio de 2022. A defesa do empresário afirma que todos os armamentos são legalizados e trazidos ao Brasil isentos de tributação, como “bens de família”.
O que diz a defesa
Segundo a defesa de Frederico, o armamento se trata de uma coleção adquirida nos Estados Unidos e entrou no Brasil de forma legal, assim como os dólares e os euros.
Veja a nota na íntegra abaixo:
O senhor Frederico Moraes de Barros Carvalho Possui dupla cidadania, a brasileira e americana, tendo morado na América por mais de 30 anos, retornando ao Brasil em 2021. Em sua mudança trouxe como bens de família, dentre eles uma coleção bélica legalmente adquiridas nos Estados Unidos. Após os trâmites legais, embarcados para o Brasil com a toda documentação, tendo sido vistoriadas pela Receita Federal pelo Exército Brasileiro e pela própria Polícia Federal no Porto seco de Anápolis/GO para o desembaraço. Após a chegada da mudança em Palmas/TO, a Polícia Federal e o exército fizeram outra inspeção em loco aferindo e conferindo as informações do desembaraço em Anápolis/Goiás. Sendo assim, as armas foram legalmente nacionalizadas como bens de família, e por isso, isenta de tributação. No mesmo sentido, o dinheiro apreendido na operação da Polícia Federal denominada de lesa Pátria, deu entrada no Brasil por meio de declaração a Receita Federal, sendo inequívoca a origem e procedência do recurso. No mesmo sentido veio para o Brasil o veículo Hummer na condição de veículo de colecionador, também legalmente nacionalizado. O senhor Frederico Moraes de Barros Carvalho Nunca foi a nenhuma manifestação em Brasília ou qualquer cidade do país, não esteve em Brasília no 8 de janeiro de 2023, não financiou ou bancou as suas espensas qualquer manifestação ou acampamento, nem mesmo naquela ocorrida em outubro de 2023. O mesmo, nunca montou acampamento em nenhuma Unidade do Exército Brasileiro ou em qualquer lugar participando de qualquer manifestação. A sua presença no outubro de 2023 foi apenas para atender ao pedido de conhecidos para o transporte de alguns pneus para que as pessoas que lá estavam pudessem organizar o trânsito para evitar acidentes reduzindo o fluxo de veículos na ponte Fernando Henrique Cardoso, e em seguida retornou a sua casa. Por fim, deve ser registrado que a operação transcorreu de forma amistosa e respeitosa por parte da Polícia Federal, com a total colaboração do senhor Frederico Moraes. inclusive, se qualquer ilegalidade fosse encontrada seja referente às armas ou ao dinheiro em espécie, certamente teria ocorrido uma ordem de prisão.