Indiciada pela Polícia Federal (PF) nesta quinta-feira (29) pela invasão hacker do sistema do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), feita em parceria com Walter Delgatti Neto, Carla Zambelli (PL) está fazendo uma consulta entre apoiadores radicais para realização de um ato "nacional nas capitais contra o aborto e impeachment já".
A enquete foi publicada pela deputada extremista em seu perfil na Rede X e tem 83,1% de adesão dos quase 13 mil seguidores que votaram até a manhã desta sexta-feira (1º).
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A estratégia é idêntica a de seu mentor político, Jair Bolsonaro (PL), que diante do avanço das investigações sobre a organização criminosa golpista comandada por ele, organizou juntamente com o pastor Silas Malafaia o ato na avenida Paulista.
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Bolsonaro divulgou o ato, em que buscou fazer sua defesa, como uma manifestação pela "liberdade e em defesa do Estado Democrático de Direito".
Assim como o ex-presidente, Zambelli disfarça o objetivo da manifestação para angariar apoio e público - principalmente entre cristãos conservadores - ao colocar o tema do aborto juntamente com o ilusório pedido de impeachment de Lula por causa da declaração do presidente brasileiro condenando o genocídio em Israel.
Indiciamento
Carla Zambelli foi indiciada com Walter Delgatti por inserir documentos falsos no sistema judiciário. O mais famoso foi a ordem de prisão contra o ministro Alexandre de Moraes com uma assinatura falsa do próprio, ordenada pela parlamentar, segundo Delgatti.
O relatório da PF agora vai para as mãos da Procuradoria-Geral da República, que avaliará se a parlamentar de extrema direita será denunciada ao Supremo Tribunal Federal. O relator da investigação é Alexandre de Moraes.
Na época das investigações, Delgatti relatou ter recebido R$ 40 mil de Zambelli para promover o atentado hacker.
Nas redes sociais, a hashtag "A Colmeia te espera" acabou viralizando, chegando aos trending topics do X, antigo Twitter.
O que dizem as defesas
Daniel Bialski, advogado da parlamentar, emitiu nota alegando que ela não é culpada. "A defesa da deputada Carla Zambelli conquanto ainda não tenha analisado minuciosamente os novos documentos e o relatório ofertado pela Polícia Federal, REFORÇA que ela JAMAIS fez qualquer tipo de pedido para que Walter Delgatti procedesse invasões à sistemas ou praticasse qualquer ilicitude", disse.
Já Ariovaldo Moreira, advogado de Delgatti, declarou ao blog de Andreia Sadi que não se surpreende com o fato. "Desde sua prisão, Walter confessa sua participação na invasão da plataforma do CNJ. O indiciamento de Carla Zambelli confirma que Walter, a todo momento, colaborou com a justiça, levando a PF até a mandante e financiadora dos atos perpetrados por ele. No mais, a defesa pretende reiterar o requerimento que tem como objetivo a liberdade de Walter, ausente motivo para manutenção da custodia cautelar, uma vez encerrada a investigação", disse.