O ex-governador do Rio Anthony Garotinho surpreendeu a todos ao anunciar esta semana em sua lista de mensagens e no perfil do Instagram sua candidatura à Câmara Municipal do Rio.
"Com muita humildade vou disputar uma vaga de vereador pela cidade do Rio de Janeiro. Entro com o mesmo olhar de sempre 'cuidar de quem mais precisa'". Em seguida, enumerou várias realizações de seu tempo de governador para finalizar bem a seu estilo: "Àqueles que pensavam que iriam me enterrar vivo, um recado: ninguém tira quem mora no coração do povo".
Garotinho é um político e radialista sui generis. Começou como militante do PT, mas logo se filiou ao PDT de Brizola. Foi prefeito de sua cidade natal, Campos dos Goytacazes, por duas vezes e se elegeu governador do Rio em 1998, com o apoio de Brizola.
Foi um governo com muitas realizações, o que o fez um dos governadores mais populares do país. Na época, a Folha fazia uma pesquisa sobre avaliação de governadores e Garotinho foi duas vezes o mais bem avaliado do Brasil e uma outra vez o segundo.
Sua popularidade no estado do Rio era tanta que Garotinho decidiu disputar a presidência. Rompeu com Brizola, deixou o governo para sua vice, Benedita da Silva, do PT, e foi para o PSB, onde concorreu a presidente em 2002.
Usando seu poder de comunicação, os altos índices de aprovação no estado do Rio e suas realizações mais populares, como o Restaurante Popular, com refeições a 1 real, Garotinho quase se transformou na maior zebra das eleições daquele ano, conseguindo chegar em terceiro lugar, atrás de Lula e José Serra (PSDB), que levou um susto e passou para o segundo turno com pequena vantagem sobre Garotinho.
Para tanto, Garotinho se valeu de sua experiência como radialista e sua condição de evangélico, para fazer uma campanha principalmente pelas rádios, um meio de comunicação ainda muito poderoso e eficaz, mas estranhamente menosprezado nas principais campanhas.
Se perdeu a eleição para presidente, Garotinho venceu novamente a de governador do Rio, agora usando sua esposa, Rosinha Garotinho, como candidata. Mesmo neófita na política, Rosinha se elegeu em primeiro turno, graças à boa avaliação popular do governo Garotinho.
O casal conseguiu ainda eleger o sucessor, Sergio Cabral, que, no entanto, virou a casaca logo após assumir o governo e passou a apoiar Lula, a quem antes, com Garotinho e Rosinha, criticara tanto.
Garotinho se elegeu deputado federal em 2010, com quase 700 mil votos, a maior votação de um deputado no estado.
Disputou novamente o governo do estado em em 2014, ficando em terceiro lugar, menos de 1% atrás de Marcelo Crivella, o segundo.
Em 2018, tentou novamente o governo do Rio, e em 2022 uma vaga de deputado federal, mas nas duas vezes teve suas candidaturas barradas pelo TRE-RJ durante a campanha, por processos pendentes.
Esse, aliás, é o maior problema de sua candidatura a vereador do Rio. Garotinho ainda tem processos em aberto e pode ter a candidatura impugnada mais uma vez.
Garotinho é candidato dessa vez pelo Republicanos, partido da IURD, após passar por PT, PDT, PSB, PMDB, PR, PRP, Patriota, PROS e UNIÃO.