AGRICULTURA

Paulo Teixeira: primeiro inimigo é a inflação, o segundo é a extrema direita

Ministro do Desenvolvimento Agrário celebra conquistas com agricultura familiar e reforma agrária, mas revela necessidade de atenção com bolsonarismo

Créditos: Cleia Viana/Câmara dos Deputados
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Nesta quarta-feira (13), o ministro do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar, Paulo Teixeira (PT), foi entrevistado no programa Fórum Onze e Meia, da TV Fórum, e comentou a queda de popularidade do governo Lula, registrada em diversas pesquisas divulgadas no início do mês, atribuída ao aumento do preço dos alimentos.

Em entrevista aos jornalistas Renato Rovai, Dri Delorenzo, Felipe Pena e com a audiência da Fórum, Teixeira não se esquivou das perguntas e esclareceu os trabalhos da pasta. 

Os dois inimigos da popularidade do governo

“Eu tenho duas avaliações sobre essa queda [de popularidade]: a primeira avaliação é que nós tivemos uma inflação de alimentos, que pegou dez produtos. Ela atingiu o arroz, atingiu o feijão, atingiu a batata, a batata inglesa, a cenoura e esse fato foi muito influenciado pelos aspectos climáticos. Nós tivemos uma mudança climática muito importante, um calor fenomenal junto com chuvas torrenciais e afetaram o preço dos alimentos", afirma.

"Esse fenômeno já está em descenso. O preço dos alimentos subiu, passou por um pico e já está descendo. Esse fenômeno vai rapidamente ser resolvido”, garante Paulo Teixeira.

O ministro reitera também que o governo tomará medidas para conter os efeitos da mudança climática na agricultura nos próximos anos.

“A gente já fez reuniões para discutir a inflação de preços. Temos todo um estudo sobre esse fenômeno. Vai haver uma diminuição dos preços e também [estamos analisando] como a gente cria mecanismos preventivos para os próximos finais de ano”, completa.

Mas não foi o simples aumento do arroz ou do feijão que reduziu a popularidade do governo Lula. Para o petista de longa data, que exibiu a carteirinha de filiação do partido de 1982, boa parte da justificativa está no avanço da extrema direita.

“O segundo fenômeno é a máquina horrenda de propaganda da extrema direita. Ela está viva, construiu uma bolha e ela captura muitas pessoas para dentro dessa bolha”, afirma.

“Lula é um comunicador nato e nós precisamos nos debruçar sobre esse fenômeno da disputa contra a extrema direita. Na minha opinião, a extrema direita tem uma máquina que foi construída em 2013. Essa máquina se mostrou com superioridade política até 2022, quando a gente conseguiu derrotá-la, mas ela não foi desmobilizada”, completa.

Ele revela que nas eleições de 2022, o PT contratou uma pesquisadora do Partido Socialista de Portugal para analisar a máquina de ódio das fake news. E que será necessário retomar esse trabalho em breve. “Talvez esteja aí um alerta para a gente pensar nela de novo."

As conquistas do Ministério

A primeira ótima notícia da pasta de Teixeira é a saída de milhares de brasileiros da situação de insegurança alimentar. “Eu quero que toda brasileira e todo brasileiro tenha ao menos três refeições diárias”, afirma. 

“O presidente Lula colocou como central no seu discurso que quer tirar o Brasil do mapa da fome. Quando no primeiro ano saem 13 milhões [de pessoas da fome], nós temos um horizonte muito positivo para tirar o Brasil do mapa da fome”, completa.

O Plano Safra é um esforço coletivo de todo o governo federal, mas protagonizado pela pasta de Teixeira. Foram destinados mais de R$ 300 bilhões para o projeto, o maior da história do Brasil, com incentivo para grandes, médios e pequenos produtores.

“O presidente Lula lançou o Plano Safra recorde na Agricultura Familiar. No que ele acaba resultando? Ele resulta em mais produção de alimentos para a cultura alimentar do povo brasileiro e para que chegue barato na mesa do povo”, celebra o ministro.

Não é só colocar comida no prato das pessoas, mas melhorar o perfil da alimentação do brasileiro com qualidade: “Aumentar a produção de alimentos agroecológicos, aumentar a produção de arroz, de feijão, de mandioca, de legumes, frutas, que vão melhorar a qualidade da alimentação do povo brasileiro. Não só tirar o povo do mapa da fome, mas também melhorar a qualidade da alimentação”, completa.

O ministro ainda lamentou as perdas que o governo Bolsonaro causou a áreas importantes da pasta, como a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), empresa pública que atua em políticas públicas de abastecimento e alimentação.

"No governo passado, ele gastou no último ano 60 milhões em um programa de aquisição de alimentos. No governo Lula foi 1 bilhão. É um programa virtuosíssimo, porque ele compra do agricultor familiar. E esse produto é entregue nas entidades sociais que trabalham com populações em segurança alimentar", explica o ministro.

Teixeira também afirma que a retomada das atividades do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) é essencial para o governo.

"Quem mais fez concessão de área na história do Brasil chama-se Lula. Então só quem vai poder superar o Lula é o Lula. Nos últimos seis anos, com governo Temer e governo Bolsonaro, parou o programa de reforma agrária. Não deram um centímetro a mais de terra para assentar famílias. Nós retomamos toda a legislação para fazer o programa de reforma agrária. Em 2023, nós assentamos cerca de 11 mil famílias, o que foi um recorde, com terras que estavam no estoque, com reconhecimentos de assentamentos e regularizamos 40 mil com títulos", informa.

"Há terras que estão sendo desapropriadas, terras que estão sendo destinadas para a reforma agrária do patrimônio, também adjudicação de grandes devedores, terras de bancos... Elas serão destinadas à reforma agrária e à demarcação para áreas remanescentes. Vamos anunciar em três etapas, em abril a primeira, depois em 2025 e 2026", garante o ministro.

Confira a entrevista completa de Paulo Teixeira ao Fórum Onze e Meia desta quarta-feira (13):