IMBRÓGLIO

EUA negaram extradição de Allan dos Santos e ainda o “defenderam” em reunião no Brasil

Blogueiro golpista de extrema direita permanece em solo americano e encontro entre autoridades dos dois países teria sido tenso e com “defesa” indireta do bolsonarista

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As autoridades do Brasil receberam um comunicado de seus homólogos norte-americanos informando que o blogueiro golpista de extrema direita Allan dos Santos não será extraditado. Numa reunião posterior, os enviados de Washington deram e entender que a acusação apresentada contra ele até agora seria um “crime de opinião”, o que nos EUA é permitido e assegurado como uma forma de liberdade de expressão. O bolsonarista é acusado, na verdade, de crimes como calúnia, injúria e difamação e consta como um dos investigados no inquérito das fake news como um disseminador de conteúdos falsos e incitador de ódio.

Allan teve a prisão preventiva decretada em outubro de 2021, mas já tinha fugido para os EUA. Inicialmente, a negativa do governo norte-americano não deixava claro qual seria a razão para não autorizar a extradição do radical, mas num encontro entre integrantes dos dois países, realizada em Brasília, na qual o clima teria pesado, os agentes do FBI e da agência de imigração teriam feito uma espécie de “defesa” do bolsonarista.

Tempos após negarem o pedido de extradição, um ofício foi enviado a Brasília pelos oficiais dos EUA no qual havia perguntas sobre como dariam prosseguimento ao processo em análise, já que também existe uma investigação por organização criminosa e lavagem de dinheiro contra o blogueiro. O material já teria passado pelo governo federal e fora encaminhado ao STF, que é o responsável por juntar o material relacionado às acusações para remetê-lo aos norte-americanos.

Em relação à tal reunião, que teria sido realizada numa data não revelada e com a participação de integrantes do Ministério da Justiça, ainda sob comando do agora ministro do STF Flavio Dino, e agentes do FBI e da agência de imigração dos EUA, um enviado de Washington teria dito, sem cerimônias, após ver vídeos e materiais que mostravam a incitação odiosa e golpista promovida por Allan, que aquilo eram “só palavras”, salientando que tecnicamente os crimes de injúria, calúnia e difamação sequer existem no ordenamento jurídico estadunidense.

Um dos representantes brasileiros, teria dito, então, segundo reportagem da Folha de S.Paulo, que era justamente aquele discurso que teria ajudado a fomentar atos violentos como o 8 de janeiro de 2023, quando as sedes dos Três Poderes da República foram invadidos e destruídos por uma horda de bolsonaristas que tentavam um golpe de Estado.

Por fim, o grupo de oficiais brasileiros questionou por que o extremista não era extraditado por não ter passaporte, uma vez que esse documento foi anulado por decisão judicial do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo. Os norte-americanos, no entanto, não quiseram responder a essa pergunta, o que levou as autoridades de Brasília a acreditarem que Allan pode ter dado entrada num pedido de “refúgio” nos EUA, já que por esse caminho todos os pedidos de expulsão e de extradição são suspensos até que a situação do indivíduo seja analisada e concluída.