O tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens da Presidência, deixou a sede da Polícia Federal, em Brasília, no início da madrugada desta terça-feira (12) após prestar depoimento, por mais de 9 horas, como colaborador nas investigações sobre a organização criminosa que tentou um golpe de Estado após a derrota de Jair Bolsonaro (PL) nas urnas em 2022.
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Aos investigadores, Cid voltou a afirmar que não participou da reunião de Bolsonaro com os comandantes das Forças Armadas, quando o ex-presidente teria apresentado o plano golpista.
O tenente-coronel, no entanto, teria confirmado que esteve em um encontro com os então comandantes do Exército, Marco Antônio Freire Gomes; da Marinha, Almir Garnier; e da Aeronáutica, Baptista Junior.
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Cid disse que soube por Freire Gomes que Bolsonaro teria pressionado a cúpula militar a aderir ao plano golpista.
O ex-ajudante de ordens de Bolsonaro iniciou seu depoimento às 15h e só deixou a sede da PF depois da meia noite, saindo do local em um carro de luxo vermelho.
Mauro Cid foi convocado para nova oitiva após o depoimento de Freire Gomes, que deu detalhes sobre a reunião em que Bolsonaro teria apresentado a minuta golpista aos comandantes das Forças Armadas.
Em depoimentos anteriores, Cid disse que a minuta foi levada a Bolsonaro pelo ex-assessor, Filipe Martins, mas que não tem conhecimento se o ex-presidente apresentou o documento aos comandantes das Forças.
Em seu depoimento, de mais de 8 horas, Freire Gomes afirmou que além de lhe apresentar a minuta, Bolsonaro teria ordenado mudanças no documento, prevendo a prisão apenas de Alexandre de Moraes, presidente do Tribunal Superior Eleitoral - na primeira versão, havia previsão para a prisão também de Gilmar Mendes, ministro do Supremo Tribunal Federal, e do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG).
No depoimento que começou nesta segunda-feira (11), a PF queria justamente saber de Cid se ele estava nesta reunião, em que Bolsonaro mostrou o documento à cúpula militar, e a versão dele sobre o encontro.
Segundo a revista Veja, Cid tem dito ainda a interlocutores que em sua delação não teria implicado diretamente Bolsonaro no golpe - o que ele teria confirmado no novo depoimento.
“Não sou traidor, nunca disse que o presidente tramou um golpe. O que havia eram propostas sobre o que fazer caso se comprovasse a fraude eleitoral, o que não se comprovou e nada foi feito”, teria dito Cid a pessoas próximas, segundo a Veja.
Cid também estaria contestando a versão de que implicou militares da cúpula, principalmente o almirante Almir Garnier, comandante da Marinha, que teria colocado as tropas à disposição do golpe.