Principal prova usada pela Polícia Federal (PF) para desencadear a megaoperação Tempus Veritatis, o vídeo da reunião golpista do dia 5 de julho de 2022 revela, mais que detalhes do plano golpista, nuances da personalidade rancorosa, ressentida e, principalmente, vingativa que fez com que Jair Bolsonaro (PL) tentasse se perpetuar como ditador no poder.
SAIBA MAIS:
"Metralhar": Plano de Bolsonaro era prender Moraes e "botar a tropa na rua"; íntegra da decisão
Te podría interesar
Em um trecho do vídeo, divulgado por Bela Megale nesta sexta-feira (9) no jornal O Globo, Bolsonaro revela toda a mágoa por ter sido por quase 30 anos um deputado sem expressão, que segundo ele mesmo foi "escrotizado" pelos pares na Câmara.
Na declaração, aos gritos, Bolsonaro diz não saber nem mesmo como foi eleito em 2018.
Te podría interesar
"Como é que eu ganho uma eleição, um fodido como eu? Deputado do baixo clero, escrotizado dentro da Câmara, sacaneado, gozado, uma porra de um deputado”.
Segundo a Polícia Federal, a reunião foi usada por Bolsonaro para "coagir os ministros e todos os presentes, para que aderissem à ilícita desinformação apresentada" sobre temas como fraude nas eleições e até mesmo a propalada relação do PT com o PCC.
Bolsonaro ainda verbaliza a síndrome de perseguição, usada novamente agora para justificar a ação da PF, ao atacar as instituições e reverberar sua tese de que a corte eleitoral favorece Lula e que ele teria ganhado a eleição de 2018 com "70% dos votos".
"Nós sabemos que, se a gente reagir depois das eleições, vai ter um caos no Brasil, vai virar uma grande guerrilha, uma fogueira no Brasil. Agora, alguém tem dúvida que a esquerda, como está indo, vai ganhar as eleições? Não adianta eu ter 80% dos votos. Eles vão ganhar as eleições", diz.
Em outro momento, Bolsonaro mostra a mágoa das Forças Armadas por ter sido escorraçado do Exército após tramar um atentado a bomba e escrever um artigo atacando a cúpula militar em 1986.
"O TSE cometeu um erro [inaudível] quando convidou as Forças Armadas para participar da comissão de transparência eleitoral. Cometeu um erro. Eles erraram. Pra nós, foi excelente. Eles se esqueceram que sou o chefe supremo das Forças Armadas?", diz Bolsonaro na reunião.
No vídeo, que foi encontrado pela PF na busca e apreensão na casa de Mauro Cid, Bolsonaro mostra ter ciência do crime que estava cometendo e que as consequências viriam em "2023, 2024".
"Nós vamos esperar chegar 23, 24, pra se foder? Depois perguntar: porquê que não tomei providência lá trás? E não é providência de força não, caralho! Não é dar tiro. Ô PAULO SÉRGIO, vou botar a tropa na rua, tocar fogo aí, metralhar. Não é isso, porra!", disse Bolsonaro.