Constrangimento. Acima de qualquer outro, este é o sentimento geral de militares de alta patente com as provas contundentes e as consequentes prisões de seus pares nesta quinta-feira (8), durante a Operação Tempus Veritatis, da Polícia Federal (PF).
Se, por um lado, ao menos quatro generais de quatro estrelas, entre eles dois ex-ministros da Defesa, além de outros de mais baixa patente, sofreram busca e apreensão, por outro, ficou claro a todos que as Forças Armadas, como um todo, não aderiram ao golpe.
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O Ministério da Defesa não se manifestou oficialmente, mas o ministro José Múcio Monteiro foi sucinto: "Cabe às Forças Armadas apoiar a decisão da Justiça". E ponto.
Outro indicador disto foi a voz isolada do general Hamilton Mourão, atual senador e ex-vice-presidente. Ele foi à tribuna afirmar que as Forças Armadas não podem se “omitir” diante da operação da PF. Ficou falando sozinho e ainda teve a prisão preventiva pedida pela bancada do PSOL na Câmara a Supremo Tribunal Federal (STF).
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Lauro Jardim, do Globo, mediu o termômetro dos militares nesta quinta-feira tumultuada. Segundo ele, se por um lado a tentativa de golpe causa constrangimentos aos irmãos em armas, por outro, sua descoberta aponta para alguns poucos nomes envolvidos na quartelada. Em outras palavras, a operação “fulaniza” o golpe.
Prova disso foi a mensagem tresloucada enviada pelo general Braga Netto ao militar Aílton Barros, que no frigir dos ovos da malograda tentativa de golpe chama o então comandante do Exército, Marco Antônio Freire Gomes, de "cagão", por não aderir à quartelada.
No final das contas, ficou claro que as Forças Armadas não vão se meter nas decisões da Justiça. Os suspeitos que forem presos, lá ficarão.
A jornalista Eliane Cantanhêde afirmava ter conversado com vários militares durante o tumultuado dia das apreensões e o que ela mais ouviu foi: “não houve nenhum governo que tenha envergonhado mais o Exército e as Forças Armadas do que o do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).