GOLPE DE ESTADO

Bolsonaro e seus golpistas estão isolados; clima na caserna é de legalidade

As Forças Armadas não vão se meter nas decisões da Justiça. Os suspeitos que forem presos, lá ficarão

Lula e os comandantes militares.Créditos: Ricardo Stuckert
Escrito en POLÍTICA el

Constrangimento. Acima de qualquer outro, este é o sentimento geral de militares de alta patente com as provas contundentes e as consequentes prisões de seus pares nesta quinta-feira (8), durante a Operação Tempus Veritatis, da Polícia Federal (PF).

Se, por um lado, ao menos quatro generais de quatro estrelas, entre eles dois ex-ministros da Defesa, além de outros de mais baixa patente, sofreram busca e apreensão, por outro, ficou claro a todos que as Forças Armadas, como um todo, não aderiram ao golpe.

O Ministério da Defesa não se manifestou oficialmente, mas o ministro José Múcio Monteiro foi sucinto: "Cabe às Forças Armadas apoiar a decisão da Justiça". E ponto.

Outro indicador disto foi a voz isolada do general Hamilton Mourão, atual senador e ex-vice-presidente. Ele foi à tribuna afirmar que as Forças Armadas não podem se “omitir” diante da operação da PF. Ficou falando sozinho e ainda teve a prisão preventiva pedida pela bancada do PSOL na Câmara a Supremo Tribunal Federal (STF).

Lauro Jardim, do Globo, mediu o termômetro dos militares nesta quinta-feira tumultuada. Segundo ele, se por um lado a tentativa de golpe causa constrangimentos aos irmãos em armas, por outro, sua descoberta aponta para alguns poucos nomes envolvidos na quartelada. Em outras palavras, a operação “fulaniza” o golpe.

Prova disso foi a mensagem tresloucada enviada pelo general Braga Netto ao militar Aílton Barros, que no frigir dos ovos da malograda tentativa de golpe chama o então comandante do Exército, Marco Antônio Freire Gomes, de "cagão", por não aderir à quartelada.

No final das contas, ficou claro que as Forças Armadas não vão se meter nas decisões da Justiça. Os suspeitos que forem presos, lá ficarão.

A jornalista Eliane Cantanhêde afirmava ter conversado com vários militares durante o tumultuado dia das apreensões e o que ela mais ouviu foi: “não houve nenhum governo que tenha envergonhado mais o Exército e as Forças Armadas do que o do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).