BELO HORIZONTE - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) desembarcou em Belo Horizonte na tarde de ontem, quarta-feira, 7, para agenda de divulgação das ações do governo federal no Estado.
O evento, que ocorreu hoje pela manhã, 8, no centro de convenções Minascentro, marcou a primeira passagem pelo Estado desde a posse do seu terceiro mandato.
Recepcionado pelo prefeito Fuad Noman (PSD) ainda no Aeroporto da Pampulha, o primeiro dia de Lula na capital mineira foi marcado por encontros com lideranças locais em jantar oferecido na noite de ontem, pelo ex-ministro do Turismo e da Secretária Geral da Presidência, Walfrido dos Mares Guia, em sua casa no bairro Mangabeiras.
Após encontro com Tarcísio de Freitas (Republicanos) e Claudio Castro (PL), fortes aliados do ex-presidente Bolsonaro, Lula não encontrará clima mais amistoso para assuntos espinhosos na agenda presidencial em Belo Horizonte.
Em meio ao histórico de indisposições com Romeu Zema (Novo), outro importante aliado de Bolsonaro e possível presidenciável em 2026, estão na ordem do dia ao menos três pautas cruciais para o executivo federal e para o governo do Estado.
Pela primeira vez em encontro particular com Zema, um dos assuntos a serem tratados é a dívida de 160 bilhões de Minas com a União. Favorável ao RRF (Regime de Recuperação Fiscal), enviada na forma de Projeto de Lei à ALMG (Assembleia Legislativa de Minas), Zema encontra nos últimos meses resistência dos deputados para aprovação da proposta encaminhada à Casa. Com a prorrogação do prazo para adesão ao regime fiscal concedido pelo STF (Supremo Tribunal Federal), coube ao presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD), as intermediações para um novo acordo da dívida junto ao Governo Federal e a ALMG, essa atualmente presidida por Tadeu Leite (MDB). No horizonte para quitação da dívida estaria a possível federalização de estatais como a Cemig.
A exemplo dos afagos trocados com Tarcísio em São Paulo e Castro no Rio de Janeiro, Lula busca clima favorável para o diálogo com Zema.
“Fui eleito para governar para todos os brasileiros. Fomos todos eleitos pelo povo, com o compromisso de melhorar a vida das pessoas. O governador não precisa gostar de mim. Não precisamos ser amigos, precisamos ser parceiros”, declarou Lula sobre o governador de Minas em entrevista concedida ao Estado de Minas.
Também é tema a concessão privada para obras de melhorias e duplicação da BR-381, importante via que liga Minas Gerais ao Espírito Santo. O leilão para licitação de obras na rodovia, conhecida pela elevada taxa de acidentes, foi promovido pelo Governo Federal e ANTT (Agência Nacional de Transportes Terrestres) no final do ano passado, em novembro, mas não encontrou iniciativas. É a terceira tentativa desde 2013, quando ainda sob o governo de Dilma Rousseff (PT) o leilão também não encontrou interessados. Durante o governo Bolsonaro, após sucessivos adiamentos, a abertura para licitação tampouco ocorreu. De acordo com Rogério Corrêa (PT), busca-se agora um modelo alternativo para a licitação das obras, o que deverá ser discutido por Lula com lideranças políticas na capital.
Outro tema importante é o valor e o destino da indenização a ser paga pelas mineradoras responsáveis pelo rompimento da barragem de Fundão em Mariana em 2015. Nesse tema, as expectativas não convergem. Sem a definição do valores da correção monetária da indenização paga pela Vale, PHB e Samarco ao Estado, não há até o presente momento definido o destino desses valores -- a União deseja que o recurso advindo da indenização seja investido apenas nas áreas atingidas, ao contrário do Governo de Minas que reivindica que seja investido em obras em todo estado de Minas Gerais.