No último vídeo publicado nas redes sociais antes de ser preso pela Polícia Federal (PF) dentro de uma igreja em Vila Velha, na noite desta quarta-feira (29), o deputado estadual bolsonarista Capitão Assumção (PL-ES) destilou homofobia contra um professor que, segundo ele, estaria fazendo "militância LGBT" em sala de aula.
O ataque teria sido feito na tribuna da Assembleia Legislativa do Espírito Santo e foi comentado pelo próprio extremista em um storie no Instagram.
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"Acabei de me pronunciar agora há pouco na tribuna da assembleia sobre um suposto professor que deveria dar aula de produção executiva do curso de rádio e TV na Escola Técnica Vasco Coutinho, lá em Vila Velha, mas ele, infelizmente, está fazendo militância LGBT", disparou.
Seguindo a cartilha bolsonarista, o deputado investigado por participação na trama golpista disse que a "militância LGBT" do professor era se pronunciar em linguagem inclusiva.
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"O cidadão deixa de dar aula para fazer militância. Ele insiste nessa tal linguagem neutra, fala 'todes', 'bem vindes'", disse o deputado, relatando que iniciou um processo de perseguição contra o professor.
Prisão
Assumção foi preso pela PF enquanto participava de um culto em uma igreja evangélica, segundo o senador Magno Malta (PL-ES).
A prisão ocorreu em decorrência de um mandado expedido pelo Supremo Tribunal Federal (STF), após pedido da Procuradoria-Geral de Justiça do estado. Assumção, que é um bolsonarista ferrenho, já utilizava tornozeleira eletrônica por determinação anterior do ministro Alexandre de Moraes. Ele foi encaminhado à sede da Polícia Federal em Vila Velha.
Segundo informações da assessoria de imprensa do partido do deputado, a prisão ocorreu sem revelação da motivação específica, mas ela estaria vinculada ao descumprimento de decisões judiciais anteriores. Capitão Assumção é alvo de investigações do STF por participar de atos golpista e integrar "milícias digitais" que divulgam fake news e ataques a ministros da Corte.
Em dezembro de 2022, Assumção foi alvo de uma megaoperação da PF e, desde então, estava sob monitoramento de tornozeleira eletrônica. Entre outras sanções, Moraes havia imposto ao bolsonarista medidas restritivas, como proibição de deixar seu estado, utilizar redes sociais e conceder entrevistas. O parlamentar, entretanto, teria descumprido essas medidas.
Em fevereiro de 2023, durante uma sessão na Assembleia Legislativa, ele protagonizou uma cena bizarra ao retirar a tornozeleira eletrônica em pleno discurso, em desafio aberto à Justiça. O ato foi transmitido ao vivo pela TV Assembleia.
A Assembleia Legislativa do Espírito Santo ainda não emitiu posicionamento oficial sobre o caso, mas o presidente Marcelo Santos afirmou estar acompanhando os desdobramentos de perto.
Magno Malta
O senador Magno Malta (PL-ES) divulgou uma nota em nome do partido na qual confirma a prisão do deputado Capitão Assumção.
Confira abaixo a íntegra:
"Em nome do Partido Liberal no Espírito Santo, manifesto-me sobre o acontecimento desta noite envolvendo a prisão de um deputado de nossa sigla pela Polícia Federal. O deputado estadual Capitão Assumção, do PL, conservador e bolsonarista, foi detido nesta quarta-feira (28/02) enquanto estava na igreja. Assumção é membro da Maranata.
O deputado já enfrentou recentemente busca e apreensão; ele foi obrigado a usar uma tornozeleira eletrônica por supostamente ter cometido "crime de opinião". Será que esse crime se refere à sua oposição à vacinação ou à sua crítica ao ativismo judicial?
Tal conduta não deveria ser considerada crime em um país democrático. Então, por que Assunção está agora usando uma tornozeleira e foi preso por expressar suas opiniões?
O PL-ES repudia veementemente essa ação. Até o momento, não estamos cientes do teor do mandado de prisão nem das razões que levaram a essa medida.
É preocupante ver tantas pessoas sendo presas por expressarem suas opiniões. Outros são detidos simplesmente por discordarem. O que exatamente estão fazendo ou dizendo para serem alvo de atos tão extremos?
Senador Magno Malta, presidente do PL-ES"