Parlamentares da oposição entraram com pedido no Ministério Público de São Paulo (MP-SP) para a abertura de investigação sobre a participação do prefeito da capital, Ricardo Nunes (MDB), na manifestação bolsonarista realizada neste domingo (25).
Nas redes, o prefeito de São Paulo escondeu Jair Bolsonaro (PL) e não publicou nenhuma foto com o ex-presidente. Nunes foi ao ato com uma camiseta amarela, mas de uma feira de adoção de animais.
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O ofício, registrado pela deputada federal Sâmia Bomfim e a vereadora Luana Alves, ambas do PSOL, questiona o possível "uso de aparatos e recursos públicos, bem como a presença do prefeito". Com base em informações obtidas de munícipes, o prefeito teria utilizado carro oficial, segurança pública e outros possíveis recursos para comparecer ao ato.
"Junto com a minha vereadora Luana Alves, acionei o MP contra o prefeito Ricardo Nunes. É escandaloso o uso de recursos públicos para participar de ato golpista que incita ataques contra uma investigação da PF e do STF. Nunes não fará de São Paulo um refúgio para o bolsonarismo!", escreveu Sâmia em seu perfil no X, antigo Twitter.
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"É de interesse público obter informações acerca das verbas públicas, dos serviços públicos utilizados, bem como para garantir os princípios da finalidade, da motivação, da supremacia do interesse público sobre o interesse privado, da legalidade e da moralidade", diz o ofício.
Luana Alves também se manifestou nas redes sociais: "O povo de São Paulo está tendo que passar pela vergonha de ver o 'prefake' Ricardo Nunes indo em ato de golpistas. As periferias de SP já disseram NÃO ao bolsonarismo. Não a uma política de ódio, morte e mentiras. Nunes não está à altura de seu cargo. Nosso povo é muito maior".
Possível conduta ílícita
O documento também pede que o MP-SP verifique se houve conduta ilícita na presença de Nunes no evento, como "atos ou incitações ao objeto da citada investigação", em referência às investigações da Polícia Federal (PF) acerca das tentativas golpistas para manter o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) no poder.
O texto ainda indica que a manifestação conteve "conteúdo reivindicatório" que confronta a pertinência da operação Tempus Veritatis, na qual a PF apura a organização criminosa que teria envolvimento na tentativa de golpe de Estado e abolição do Estado Democrático de Direito.
"Nesse caso, o uso de verba pública não seria somente uma busca pelo apoio de Bolsonaro e o voto de seus apoiadores, mas o endosso a uma manifestação de conteúdo golpista. São recursos públicos utilizados para esse fim. Um dos principais organizadores, Silas Malafaia, endossou o discurso golpista contra o STF (Supremo Tribunal Federal), e o Bolsonaro, na manifestação, declarou que de fato dispunha da minuta do golpe", comentou Sâmia ao GLOBO.
Pastor da Assembleia de Deus Vitória em Cristo, Silas Malafaia atacou os ministros do Supremo durante ato no qual afirmou ter investido cerca de R$ 100 mil de seus próprios recursos. Por sua vez, Bolsonaro reconheceu a existência da minuta do golpe.
"Este mandato pugna pela intervenção do Ministério Público com o fito de verificar se a participação do Chefe do Poder Executivo Municipal [Ricardo Nunes] teve o uso de aparatos públicos ou recurso público investido, bem como se houve alguma participação (...) em algum ato ilícito, ou que seja objeto de investigação criminal pela Polícia Federal", diz um trecho da representação enviada pelas parlamentares do PSOL.
Em suas redes sociais, Nunes publicou fotos no ato na Avenida Paulista, sendo uma com o governador de Goiás, Ronaldo Caiado (União Brasil), e outra com o senador Marcos Pontes (PL-SP), ex-ministro de Ciência, Tecnologia e Inovações durante o mandato de Bolsonaro.