O jornalista e presidente da Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI), Ricardo Cappelli, fez uma longa thread em sua conta do X, antigo Twitter, em que aponta os principais entraves envolvendo a Segurança Pública. Sem fugir dos problemas, Cappelli mostrou deficiência e também apontou soluções.
Ao criticar a violência policial, logo no início de seu texto, ele aponta a seguir uma questão polêmica: “É falso que o principal problema da segurança é a violência policial”, afirma. “O principal problema é o crime organizado, que movimenta bilhões, se infiltrou nos poderes e em variadas atividades econômicas.”
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Cappelli, então, enumera deficiências do sistema, como o baixo número de contingente tanto para a Polícia Federal (PF), quanto para a Polícia Rodoviária Federal (PRF), discorre sobre sistemas de inteligência financeira, como o Conselho de Controle de Atividades Financeiras (COAF) que, segundo ele, foi desmontado na atual gestão do Banco Central; contrapõe o custeio da PF com a farra das emendas parlamentares entre outras questões fundamentais.
Vale ler, segue abaixo:
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Cappelli e a Segurança Pública
Sobre a polêmica envolvendo Segurança Pública - segue o fio:
1 - A polícia precisa ter regras para sua atuação, como qualquer atividade profissional. Não pode sair atirando a esmo em inocentes.
2 - É falso que o principal problema da segurança é a violência policial. O principal problema é o crime organizado, que movimenta bilhões, se infiltrou nos poderes e em variadas atividades econômicas.
3 - Facções criminosas estão arrancando na marra pedaços do território nacional com armas de guerra, ameaçando o Brasil. Quem porta fuzil e .40 deve ser enfrentado com força superior pelo Estado, a quem cabe o monopólio do uso da força para garantir o território para a população.
4 - O tráfico de entorpecentes existe em diversos países do mundo. Domínio de território, não.
5 - Só se combate crime organizado com inteligência. Bilhões não circulam em malas, mas sim por dentro do sistema financeiro. O COAF, que foi desmontado na gestão atual do Banco Central, precisa ser uma agência de inteligência financeira. É estratégico.
6 - Temos 12 mil homens da PF para 23 mil km de fronteiras. Esse número precisaria ser duplicado. Idem para a PRF. 12 mil homens para 75 mil km de rodovias. Como controlar fronteiras e rodovias com este efetivo? O Paraguai importa milhares de armas. Produz milhões de cigarros. Onde vão parar?
7 - Isso tem custo? Claro que tem. O custeio da PF consome 1,5 BI por ano. Gastamos 50 BI com emendas e 550 BI com desonerações. O Fundo Nacional de Segurança Pública, depois dos repasses obrigatórios e do custeio da Força Nacional, fica com cerca de 500 milhões. O Brasil, sociedade e os 3 poderes, precisa discutir a questão da alocação dos recursos.
8 - O Brasil é mercado consumidor da droga, mas principalmente rota de passagem e saída por nossa fronteira marítima. 1 kg de cocaína é comprada na fronteira por cerca de 1.500 dólares e vendida no exterior por cerca de 35 mil dólares. São toneladas saindo pelo mar. Nossos portos não possuem equipamentos adequados. A Marinha tem cerca de 80 mil homens, sendo 50 mil no Rio. Se não mobilizarmos tudo que temos, não teremos chance.
9 - Os CACs viraram um sistema de desvio de armas em massa. Triplicou o registro mensal de furtos e roubos. São mais de 800 mil pessoas registradas como CACs no Brasil. Todo mês são mais de 180 registros de "furto ou roubo". Milhares de armas "legais" indo parar nas mãos do crime.
10 - Não há bala de prata. Exige muito trabalho coordenado. O crime não é de esquerda nem de direita, é o crime. As pesquisas indicam que o tema virou prioridade para a população. Só uma ampla mobilização nacional, unindo a sociedade, os poderes e as forças de segurança, será capaz de promover o enfrentamento necessário.