TRAMA GOLPISTA

A última tentativa de Braga Netto de deixar a prisão antes do Natal

Confira o argumento da defesa do general em novo apelo por liberdade enviado ao ministro Alexandre de Moraes

O general Walter Braga Netto.Créditos: Gabriela Biló/Folhapress
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A defesa do general Walter Braga Netto, preso desde 14 de dezembro por supostamente obstruir a Justiça no âmbito da investigação sobre a tentativa de golpe de Estado no Brasil, fez esta semana um último apelo ao Supremo Tribunal Federal (STF) para que o militar possa passar o Natal em liberdade

Em novo pedido encaminhado ao ministro Alexandre de Moraes, os advogados de Braga Netto argumentam que o general "não tem histórico de desobediência" que justifique sua prisão. 

“O general Netto é militar da reserva, sem histórico de desobediência a ordens judiciais nem condutas que justifiquem a adoção de uma medida tão severa. Além disso, inexiste qualquer indício concreto de que ele represente risco à ordem pública, à aplicação da lei penal ou que comprometa as investigações já finalizadas”, diz recurso da defesa. 

Braga Netto, entretanto, foi preso justamente por tentar comprometer as investigações. Indiciado pela PF por tentativa de golpe de Estado, o general foi preso preventivamente por tentar obter informações da delação premiada de Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro indiciado no mesmo inquérito que ajudou os investigadores a montarem o quebra-cabeça da trama golpista. 

PGR se manifesta contra liberdade de Braga Netto 

A Procuradoria-Geral da República (PGR) se manifestou na sexta-feira (20) contra um recurso protocolado pela defesa do general Walter Braga Netto que pedia a liberdade do militar. 

O ex-ministro da Defesa e da Casa Civil do governo de Jair Bolsonaro, portanto, passará o Natal na prisão. Apontado como líder de um plano para assassinar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o vice-presidente Geraldo Alckmin e o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), Braga Netto foi indiciado pela Polícia Federal (PF) no inquérito que apura tentativa de golpe de Estado no Brasil e foi preso preventivamente em 14 de dezembro por obstrução de Justiça. 

Segundo a PF, Braga Netto teria obstruído a Justiça ao tentar obter detalhes da delação premiada do ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, o tenente-coronel Mauro Cid. 

“Dada a permanência dos motivos que fundamentaram a decretação da prisão preventiva e a inexistência de fatos novos que alterem o quadro fático-probatório que embasou a medida, não há que se cogitar de sua revogação”, escreveu o procurador-geral da República, Paulo Gonet, ao se manifestar sobre o pedido de revogação da prisão preventiva protocolado pela defesa de Braga Netto

A "cela de luxo" de Braga Netto 

Preso no último sábado (14) pela Polícia Federal (PF) por supostamente ter planejado um golpe de Estado no Brasil, o general Walter Braga Netto não está detido em uma cela convencional, mas sim em um quarto com mordomias na 1ª Divisão do Exército, na Zona Oeste do Rio de Janeiro. 

Ex-ministro da Defesa e da Casa Civil no governo de Jair Bolsonaro, além de candidato a vice do ex-presidente na eleição de 2022, Braga Netto, por ser general quatro estrelas, isto é, o posto mais alto na carreira das Forças Armadas, tem a prerrogativa de prisão especial no caso de prisão provisória, como é o seu caso.

Caso vá a julgamento e seja condenado, o militar deve ser encaminhado para um presídio comum. 

Por ter direito à prisão especial, Braga Netto não está em uma cela convencional, mas sim no quarto do chefe do Estado Maior da 1ª Divisão do Exército. 

O cômodo em que Braga Netto está detido tem uma série de mordomias: armário, geladeira, ar-condicionado, televisão e banheiro privativo.

O general ainda tem o direito de fazer as refeições no restaurante do quartel, onde também se alimentam os oficiais de alta patente, e recebe quatro refeições por dia: café da manhã, almoço, jantar e ceia. 

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