RELIGIÃO E POLÍTICA

Cresce a reprovação de Lula entre evangélicos

Em relação às pesquisas anteriores os números não são nada animadores. Bom também ligar o alerta para os fiéis do catolicismo

Cresce a reprovação de Lula entre evangélicos.Presidente Lula em evento evangélico cumprimentando uma cantora gospelCréditos: Ricardo Stuckert
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As atuais tentativas de aproximação do governo Lula dos evangélicos parecem que não tiveram tanto resultado assim. Mesmo após divulgar de forma efusiva a criação do “Dia nacional da música gospel” e inclusive trazer para perto o ex-bolsonarista Otoni de Paula, a pesquisa Datafolha publicada na tarde de hoje (17) mostra a avaliação do atual presidente caindo ainda mais entre aqueles que abraçam a fé evangélica.

Aliás, o recorte religioso da atual pesquisa deve acender o alerta do governo para a questão religiosa quando se refere aos grupos cristãos, como católicos e evangélicos. Analisando os números da atual pesquisa com as de junho de 2024 os resultados não são animadores. Entre católicos a avaliação de ruim/péssimo cresceu de 25% para 30%, enquanto ótimo/bom caiu de 45% para 42%. Preocupante.

Já entre evangélicos, grupo que nos últimos tempos se alinhou mais às ideias do bolsonarismo, a avaliação ruim/péssimo foi de 43%, segundo pior número da série de avaliações, empatando dentro da margem de erro com a avaliação de junho deste ano, de 44%, mas bem maior que a de 38% de dezembro do ano passado (2023). Enquanto apenas 26% consideram o governo de Lula ótimo/bom.

Comparando com os índices gerais, podemos perceber o quanto esse grupo ajuda a puxar a avaliação do governo para baixo. No geral, o governo Lula é considerado ótimo/bom por 35% da população e 34% avaliam como ruim/péssimo, ou seja, os evangélicos ajudam tanto a aumentar a rejeição quanto a diminuir a aprovação do governo, divergindo em ambos os casos 9% da média nacional.

Para o pastor e teólogo Zé Barbosa Jr, colunista da Fórum, as pesquisas mostram que o governo Lula continua errando nas tentativas de aproximação dos evangélicos, que, segundo o pastor, têm uma maioria que ainda está em disputa. “Não adianta fazer propagandas governamentais onde os personagens falam expressões evangélicas como ‘aleluia’, ou ‘oh! Glória’ sem uma ação efetiva nos territórios e no diálogo com os ‘pequenos pastores’. De nada resolve o conchavo com os grandes donos de igreja, cada vez mais dissimulados e questionados pelas suas próprias bases, e que, a qualquer momento, trairão novamente a democracia, indo para quem der mais por seus ‘rebanhos’”, afirma Barbosa.

O teólogo conclui dizendo: “precisamos disputar as mentes e corações em seus territórios. O governo tem a seu favor as políticas públicas que aproximam das lutas reais do evangelho (dar de comer a quem tem fome, dar de beber a quem tem sede, cuidar dos enfermos, acolher os necessitados, etc) mas não investe nessa percepção de que são os governos do PT que mais cuidaram dos necessitados, enquanto a extrema-direita só trabalhou para retirada de direitos e praticou uma política de extermínio da população mais pobre”.

Uma coisa é certa: se pensa em continuar no poder em 2026, o governo Lula está muito atrasado na tentativa correta de aproximação dessa fatia importante da população brasileira e cada vez mais decisiva em momentos eleitorais.

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