O senador Sergio Moro (União Brasil-PR), sempre afobado, correu para as redes sociais nesta quarta-feira (11) para “denunciar a perseguição implacável de Lula e do PT” contra o governador goiano Ronaldo Caiado (União Brasil), condenado pelo TRE-GO por abuso de poder político, o que lhe rendeu uma pena de oito anos de inelegibilidade.
Num tom já bastante conhecido, o ex-juiz todo-poderoso da Lava Jato se apressou em fazer palanque em cima da sentença de Caiado e despejou cobras e lagartos contra “a esquerda”.
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“Foi só o nome do governador Ronaldo Caiado começar a circular como candidato à Presidência da República que a perseguição começou. Ninguém pode desafiar o Lula e o PT em 2026. A Justiça eleitoral tem que ser mais comedida e respeitar o voto. Muitos recursos ainda e a decisão de primeira instância deve ser revista pelo excesso”, disparou Moro em seu perfil oficial no X (antigo Twitter).
O problema é que a ação movida contra Caiado que resultou em sua condenação foi de autoria da campanha do candidato bolsonarista derrotado na eleição municipal deste ano, Fred Rodrigues (PL). Ou seja, Moro se esgoelou contra Lula e o PT por serem supostamente os autores da condenação do governador de Goiás por crime eleitoral, mas a denúncia e o processo foram, na verdade, impetrados por seus aliados da extrema direita.
Condenação no TRE-GO
O governador de Goiás, Ronaldo Caiado (União), foi condenado a oito anos de inelegibilidade por abuso de poder político nas eleições municipais deste ano.
A decisão foi proferida nesta quarta-feira (11) pelo Tribunal Regional Eleitoral (TRE) de Goiás, que também determinou a cassação da chapa do prefeito eleito de Goiânia, Sandro Mabel, apoiado por Caiado no pleito.
De acordo com a juíza Maria Umbelina Zorzetti, Caiado cometeu abuso de poder político ao utilizar a sede do governo estadual, o Palácio das Esmeraldas, para realizar eventos de campanha em favor de Sandro Mabel.
"O bem imóvel utilizado pelo investigado Ronaldo Caiado para a realização dos eventos constitui bem público de uso especial nos termos do artigo 99, inciso II, do Código Civil Brasileiro. As imagens dos vídeos que instruem a inicial demonstram que o ambiente estava preparado para a oferta de alimentos e bebidas aos convidados e contava, inclusive, com decoração", aponta trecho da decisão.
A ação contra Caiado e Mabel foi movida por Fred Rodrigues (PL), candidato derrotado à prefeitura de Goiânia. O Ministério Público, por sua vez, deu parecer pedindo a condenação do governador e do prefeito eleito por desequilíbrio na disputa eleitoral devido ao uso de estruturas governamentais durante a campanha.
"No presente caso, os eventos noticiados ocorreram nas dependências do Palácio das Esmeraldas, bem pertencente ao Estado de Goiás, em favor do candidato à prefeitura de Goiânia Sandro Mabel e sua vice-prefeita, portanto, conduta vedada pela legislação eleitoral. (...) O informante ouvido confirmou a utilização de servidores destinados à manutenção da residência oficial para organização dos eventos (cozinheiros, copeiras, garçons, pessoal que controla os equipamentos de som, seguranças, etc.) e ainda relatou que foram servidas bebidas nos eventos. Esses fatos constituem desvio de finalidade, excedendo as autorizações de gastos para o referido local", escreveu a juíza Maria Umbelina Zorzetti.
A decisão é de primeira instância, permitindo que tanto Caiado quanto Mabel recorram ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Por ora, o prefeito eleito pode tomar posse, e o governador permanece elegível. Ambos negam qualquer irregularidade.
Caso o TSE mantenha a condenação, os planos de Caiado de se lançar como candidato da extrema direita à presidência da República em 2026 poderão ser frustrados.