VIOLÊNCIA POLÍTICA

Assessor de Sâmia Bomfim é agredido por funcionário do PL

À Fórum, Leandro Rodrigues conta que a violência ocorreu durante a votação na CCJ da "PEC do aborto"

Assessor de Sâmia Bomfim é agredido por funcionário do PL.Créditos: Divulgação
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Na tarde desta quarta-feira (27), a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara dos Deputados colocou para discussão a "PEC do aborto", que foi apresentada pelo então deputado federal e presidente Eduardo Cunha em 2012 e que visa revogar o direito ao aborto legal (estupro, risco de vida à mãe e feto anencéfalo).

A estratégia da presidenta da CCJ, Caroline de Toni (PL-SC), é construir uma cortina de fumaça e tentar desviar a atenção do relatório da Polícia Federal (PF), onde o ex-presidente Jair Bolsonaro e mais 36 pessoas foram indiciados por tentativa de golpe de Estado, organização criminosa e abolição violenta do Estado Democrático de Direito.

De maneira oportunista, parlamentares do PL resgataram a "PEC do aborto" para desviar o assunto. Na CCJ, a proposta foi aprovada por 35 a 15 e agora deve passar por outras comissões, porém, a avaliação geral é que dificilmente chegará ao plenário da Casa.

Porém, a votação da "PEC do aborto" foi marcada por muita confusão dentro e fora da sala onde ocorria a discussão, e foi do lado de fora que ocorreu uma cena de violência contra o assessor da deputada Sâmia Bomfim (PSOL-SP), Leandro Rodrigues, que foi agredido por um funcionário da liderança do PL, posteriormente identificado como Pedro Henrique Nunes Teixeira.

À Fórum, Leandro Rodrigues relata o que aconteceu: "A sessão da CCJ que debatia a PEC acontecia no plenário de costume quando, por volta das 13h, começou a manifestação do grupo de mulheres que participavam de uma atividade na Casa. A atividade foi organizada pela Manuela D'Ávila e tratava justamente de violência política de gênero. Havia várias vereadoras e deputadas estaduais presentes. Bem, esse grupo ocupou a CCJ, aconteceu aquele tumulto que já foi noticiado e a Caroline de Toni decidiu transferir do plenário 1, o habitual da CCJ, para o plenário 15, bem menor. A justificativa é de que entrariam apenas parlamentares e assessores."

Leandro Rodrigues prossegue em seu relato: "Acompanhei Sâmia e as manifestantes até a entrada do plenário 15, mas lá acabou ficando ainda mais tumultuado. As mulheres protestavam com palavras de ordem e esse sujeito estava lá, provocando e intimidando, gravando as deputadas que chegavam. No momento em que a Natália Bonavides [deputada federal, PT-RN] foi entrar, ele a puxou pelo braço, dizendo que assessoras não entravam. Aí iniciou uma discussão entre eles. Ela disse que era deputada e que, para ele, era impensável ter uma mulher jovem ocupando um cargo como esse. Ele continuou com o celular ligado na cara dela, intimidando."

Leandro Rodrigues e a deputada Sâmia Bomfim

O momento da agressão: "Aí, a Natália pediu o nome do cara, ele se recusou a passar e escondeu o crachá com a mão. Eu estava ao lado dele, já tinha visto que ele usava um broche do PL. A discussão entre eles se acalorou, as manifestantes começaram a gritar palavras de ordem contra o cara e ele indicou que ia tentar sair vazado. Foi quando a Natália pediu que alguém fotografasse a cara dele, para que ela pudesse fazer a queixa depois. Eu estava com o celular na mão, obviamente, fui atender ao chamado da Natália e mirei para fotografar. Aí o sujeito me deu um tapa na cara. Foi o maior alvoroço, todo mundo chamando pela polícia, as mulheres gritando 'agressão', o cara tentando fugir e eu segurei ele com ajuda de outro que estava por lá e eu nem conhecia. Fomos todos parar no Departamento de Polícia Legislativa (DEPOL). Lá, descobri que ele foi contratado pela Liderança do PL faz pouco tempo."

À Fórum, Leandro Rodrigues diz que tal situação é "inaceitável": "Esse é o modus operandi desses provocadores da extrema direita. Ficam muito corajosos empunhando um celular na cara das pessoas, incitando o ódio e ameaçando com a exposição dos seus alvos para essa turba golpista. Mas não têm coragem sequer de dizer o nome e, quando o foco da câmera vira para eles, partem para a agressão. É inadmissível que um sujeito como esse possa fazer isso dentro da Câmara, usando um crachá funcional e recebendo salário pago pelo erário."

Boletim de ocorrência registrado por Leandro Rodrigues

A reportagem da Fórum entrou em contato com a liderança e assessoria de imprensa do PL na Câmara dos Deputados, porém, até o fechamento desta matéria, não obteve retorno. O espaço segue em aberto. 


 

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