Nesta segunda-feira (25), em conversa com jornalistas ao chegar no Aeroporto de Brasília, Jair Bolsonaro adotou um tom diferente do deboche que vinha utilizando para reagir ao seu indiciamento pela Polícia Federal (PF) na investigação sobre tentativa de golpe de Estado. O ex-presidente demonstrou desespero diante da possibilidade de ser preso.
Pela primeira vez, Bolsonaro admitiu publicamente a chance de enfrentar a prisão. "Eu posso ser preso agora, ao sair daqui [do aeroporto]", disparou, revelando uma preocupação inédita em seu discurso.
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Durante a conversa, o ex-presidente também admitiu que "estudou possibilidades" para reverter o resultado eleitoral de 2022, afirmando, no entanto, que todas as ações consideradas estavam "dentro das quatro linhas da Constituição". Entre essas possibilidades, mencionou a decretação de um estado de sítio.
Bolsonaro admite tese do golpe, mas joga culpa nos militares
Na mesma entrevista coletiva improvisada, Bolsonaro tentou suavizar sua posição diante das evidências apresentadas pela investigação, reconhecendo a tese do golpe de forma implícita. No entanto, buscou transferir a responsabilidade para os militares envolvidos no caso.
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“Ninguém vai dar golpe com general da reserva e mais meia dúzia de oficiais. É um absurdo o que estão falando. Da minha parte, nunca houve discussão de golpe. Se alguém viesse discutir golpe comigo, ia falar: ‘Tudo bem, e o after day? E o dia seguinte, como fica o mundo perante a nós?’ Todas as medidas possíveis, dentro das quatro linhas, dentro da Constituição, eu estudei”, afirmou.
Bolsonaro também fez questão de reiterar que “jamais falou de golpe”, apesar de mencionar os altos oficiais envolvidos e os documentos acessados pela Polícia Federal que indicam a conspiração.
“A palavra golpe nunca esteve em meu dicionário. Desde quando eu assumi, em 2019, vinha sendo acusado de querer dar um golpe... Até nesses áudios vazados, me ofende, até. Não faço, jamais faria algo fora das quatro linhas. Dá pra você resolver os problemas do Brasil, seus problemas, inclusive, dentro da Constituição”, acrescentou.
“Não levei para frente. Até para estado de Defesa. Não convoquei ninguém e não assinei papel. Eu procurei saber se existia alguma maneira na Constituição para resolver o problema. Não teve como resolver, descartou-se”, concluiu.