A prisão de 4 fardados junto com um agente federal e o indiciamento de outros 25 entre os 37 membros da organização criminosa de Jair Bolsonaro (PL) por tentativa de golpe de Estado causou delírio nos militares de pijama, como são conhecidos os reservistas que militam nos luxuosos clubes militares.
Em nota divulgada no site do Clube Militar do Rio de Janeiro - um dos antros do golpismo, que foi presidido por Hamilton Mourão antes dele ser vice de Bolsonaro na chapa vencedora em 2018 -, a Comissão Interclubes Militares criticou as ações da Polícia Federal em "datas emblemáticas" para as Forças Armadas que segundo a caserna teriam como objetivo "comprometer a imagem das Forças Armadas".
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"É inquietante observar a escolha de datas emblemáticas para divulgar informações que comprometem a imagem das Forças Armadas, buscando associar a instituição a atos isolados. Um exemplo significativo ocorreu em 19 de abril do ano passado, Dia do Exército Brasileiro, quando o Presidente da República participou da cerimônia comemorativa no Quartel-General do Exército. Ao cobrir o evento, parcela da mídia noticiou, também, a prisão de um oficial superior, que poderia ter sido realizada em qualquer outra data", iniciou,
O dia 19 de abril, citado pelas autoridades da caserna, refere-se à operação em que a PF prendeu o tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, que viria a delatar toda a organização criminosa golpista.
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"Parece que há um esforço deliberado e coordenado para comprometer a imagem das Forças Armadas junto à população", reclamam os representantes da reserva, após atacar também a data escolhida para a prisão da facção militar, comandada pelo general Mario Fernandes, que planejava matar Lula, Geraldo Alckmin (PSB) e Alexandre de Moraes. No dia 19 de Novembro, os militares celebravam o Dia da Bandeira, uma data "tão significativa para os brasileiros" segundo a caserna.
Em seguida, o almirante João Affonso Prado Maia de Faria, do Clube Naval; o general Sérgio Tavares Carneiro, do Clube Militar; e o Major Brigadeiro Marco Antonio Carballo Perez, do Clube da Aeronáutica, buscam reescrever o passado golpista das Forças Armadas.
"Por meio de abordagens distorcidas, são disseminadas narrativas que vilipendiam, injustamente, uma instituição que tem historicamente demonstrado compromisso com a estabilidade e a integridade do país", diz a nota, esquecendo-se, por exemplo, do Golpe de 64, que jogou o país nas trevas da Ditadura por 21 anos.
Os militares de pijama ainda criticam "o sensacionalismo em torno da prisão dos acusados, aliado à divulgação seletiva de informações e às declarações precipitadas de autoridades que deveriam agir com discrição, lança sobre as Forças Armadas uma sombra que não lhe pertence".
Por fim, os militares da reservam "convocam os brasileiros" a se unirem em torno do que dizem ser os valores que "que orientam as Forças Armadas: o serviço à Nação e à defesa da paz e do bem comum" e "e exortam lideranças legítimas a promoverem a pacificação nacional e o respeito às Forças Armadas".
"Em tempos difíceis, alertam que a democracia e a estabilidade exigem vigilância constante e engajamento coletivo", conclui a nota, alertando para tudo aquilo que os militares golpistas não fizeram após a derrota de Bolsonaro nas urnas.