Diretor do curso de Gestão de Recursos de Defesa (GERD), da Escola Superior de Guerra, o coronel Anderson Freire Barboza afirmou que as eleições de 2022, vencidas por Lula, "foram roubadas" ao defender Jair Bolsonaro (PL) e os golpistas indiciados pela Polícia Federal (PF) em um grupo de WhatsApp com professores e ex-alunos da instituição nesta quinta-feira (21).
A Escola Superior de Guerra é o Instituto de Altos Estudos de Política, Defesa e Estratégia das Forças Armadas e está no escopo do Ministério da Defesa. Além de diretor de um dos principais cursos, Barboza é integrante da Divisão de Assuntos de Ciência e Tecnologia da ESG.
Te podría interesar
Na publicação, divulgada pela coluna painel, na edição deste sábado (23) da Folha de S.Paulo, o coronel remonta à tese de fraude nas urnas propagada por Bolsonaro e ataca o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), e o presidente Lula - ambos alvos de um plano de assassinato dos golpistas, juntamente com Geraldo Alckmin.
Em seguida, Barboza remonta outra narrativa bolsonarista e xinga Lula de "ladrão".
Te podría interesar
"As pessoas estão esquecendo. As eleições foram roubadas sob a liderança de Alexandre de Moraes. Desde a soltura do ladrão até todos os atos perpetrados em favor de Lula na corrida eleitoral", disparou o militar.
Procurado pelo jornal, o militar que atua na instituição subordinada ao Ministério da Defesa confirmou que fez a publicação como "desabafo" a partir de um "sentimento de tristeza" com o indiciamento de amigos que foram indiciados na trama golpista.
"Trata-se de um desabafo, pois os militares que conheço entre os 37 citados são profissionais extremamente competentes, o que naturalmente gera um sentimento de tristeza", afirmou.
Ele diz ainda que resolveu fazer a publicação para responder a mensagens no grupo com "ilações sem que as informações completas fossem consideradas".
"O desabafo foi simplesmente de um cidadão indignado com a forma como algumas pessoas julgam sem conhecer todos os fatos, algo claramente pouco ético. Por isso, decidi responder na mesma moeda", diz ele, que julgou Lula e Moraes na publicação.
Coronel da reserva, Barboza é um dos 12 mil militares que foram contratados pelo Ministério da Defesa durante o governo Bolsonaro com bônus de 30% nos salários.
Barboza tem salário bruto de mais de R$ 27 mil por mês e usufrui de diversos benefícios como diretor da ESG. Em outubro, ele esteve em Brasília para participar do Exercício Guardião Cibernético 6.0 (EGC 6.0), coordenado pelo Comando de Defesa Cibernética (ComDCiber) do Exército Brasileiro.
Na página do Exército, o general Achilles Furlan Neto, chefe do Departamento de Ciência e Tecnologia, explica que "o Exercício Guardião Cibernético é um jogo de guerra, e seu principal objetivo é defender o Brasil. Temos a integração entre todas as agências responsáveis pela defesa cibernética e pelos setores críticos de infraestrutura, sendo o Exército Brasileiro o responsável pela capacidade cibernética do poder nacional".