Na manhã desta terça-feira (19), a Polícia Federal (PF) prendeu quatro militares do Exército Brasileiro e um policial federal envolvidos em um plano de golpe de Estado no Brasil entre 2022 e 2023. O grupo criminoso também havia planejado assassinar o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o vice-presidente Geraldo Alckmin.
De acordo com a operação, os presos foram o general de brigada Mario Fernandes (reserva), o tenente-coronel Helio Ferreira Lima, os majores Rodrigo Bezerra Azevedo e Rafael Martins de Oliveira, além do policial federal Wladimir Matos Soares.
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As prisões ocorreram durante a operação "Contragolpe", autorizada por Moraes, no âmbito do inquérito que apura a tentativa de golpe de Estado ocorrida entre o final de 2022 e o início de 2023. Os militares detidos, que integravam as Forças Especiais do Exército Brasileiro – uma unidade especializada em operações de alto risco e sigilo – são conhecidos como "kids pretos". Eles pertencem tanto à ativa quanto à reserva das Forças Armadas.
Um dos presos, ex-secretário-executivo da Secretaria-Geral da Presidência em 2022, atualmente atua como assessor do deputado e ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello. As operações policiais ocorreram em Goiânia e Rio de Janeiro. Os outros militares possuíam formação nas forças especiais, conhecidos como "kids pretos", e estavam em postos de comando no Exército até o início das investigações. Rafael Martins começou a ser investigado após troca de mensagens com o tenente-coronel Mauro Cid.
A PF examinava a possibilidade de o ajudante de ordens de Bolsonaro ter enviado dinheiro para Rafael organizar caravanas de apoiadores de Bolsonaro para o acampamento montado em frente ao Quartel-General do Exército, em Brasília. Em uma das mensagens, o militar pedia R$ 100 mil a Mauro Cid para cobrir despesas logísticas, incluindo hospedagem, transporte e alimentação.
Hélio Ferreira já estava sob investigação antes dos demais e, assim como Rafael, foi afastado de seu cargo por determinação de Alexandre de Moraes. Ele e Mauro Cid eram colegas de formação na Academia Militar das Agulhas Negras (Aman) e mantiveram uma relação estreita após a conclusão do curso no Exército. O tenente-coronel Cid participou de encontros em Brasília com outros militares das forças especiais e foi um dos principais defensores das teorias que alegavam fraude nas urnas eletrônicas durante as eleições de 2022.
Já o tenente-coronel Rodrigo Bezerra passou a ser investigado no inquérito sobre o golpe de Estado que estava sendo arquitetado por Jair Bolsonaro e seus aliados no final de 2022. Ainda não há descrição do papel desempenhado pelo agente da PF no plano. O Exército tem monitorado as investigações, acompanhando as buscas e apreensões, com o objetivo de reunir dados sobre como a operação está afetando as forças armadas.
"O planejamento elaborado pelos investigados detalhava os recursos humanos e bélicos necessários para o desencadeamento das ações, com uso de técnicas operacionais militares avançadas, além de posterior instituição de um Gabinete Institucional de Gestão de Crise, a ser integrado pelos próprios investigados para o gerenciamento de conflitos institucionais originados em decorrência das ações", disse a PF.