Em pânico com a decisão do ministro Dias Toffoli, do Supremo Tribunal Federal (STF), que levantou sigilo do grampo ilegal instalado na cela do doleiro Alberto Yousseff em 2014, Sergio Moro (União-PR) foi às redes na manhã desta quinta-feira (21) para tentar se antecipar a fatos que podem desnudar a origem ilegal do processo de lawfare da Lava Jato.
Em sua decisão, Toffoli atendeu a um pedido da defesa de Youssef que pede a abertura de uma investigação para apurar a suposta atuação de Moro na instalação do grampo.
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Segundo denúncias, delegados da Polícia Federal (PF), a mando de Moro, grampearam ilegalmente a cela do doleiro para forjar provas que deram origem à Lava Jato.
O ex-juiz, que deixou a magistratura para se tornar "super-ministro" de Jair Bolsonaro (PL) em 2018 antes de se eleger senador, conseguiu esconder por 10 anos o HD com os áudios gravados, inclusive de sucessores na 13ª Vara, como Eduardo Appio e Luiz Antônio Bonat.
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O HD, que estava acautelado na 13ª Vara, teve 26 arquivos, das mais de 200 horas de gravação, apagados e só foi liberado quando assumiu o comando da vara o juiz Guilherme Borges.
Na decisão, o ministro do STF determinou o envio do HD à Procuradoria-Geral da República (PGR), à Advocacia-Geral da União (AGU), à Controladoria-Geral da União (CGU), ao Tribunal de Contas da União (TCU), ao Ministério da Justiça, à Diretoria da Polícia Federal e à Presidência do Congresso Nacional. Qualquer uma das entidades pode pedir a abertura de uma nova investigação.
Moro chora
Recluso, Moro foi às redes destilar um rio de lágrimas após a decisão de Toffoli, tentando a todo custo se antecipar às novas investigações, que devem desnudar a farsa que deu início à Lava Jato.
"Sobre a suposta escuta ilegal na cela de Alberto Youssef, trata-se de fato requentado que já foi objeto de diversas sindicâncias administrativas da Polícia Federal e de inquérito policial que foi arquivado por decisão do então Juiz Federal Luiz Antônio Bonat. Quanto às especulações de meu envolvimento na escuta ou em ocultação de provas, são meras fantasias do advogado de Alberto Youssef que busca impunidade para os crimes de corrupção de seu cliente", disparou.
Em seguida, o hoje senador criticou as investigações sobre seu passado como juiz, que classificou como "revisionismo histórico da Lava Jato".
"Cabe lembrar que, como juiz federal à época, eu poderia autorizar legalmente a escuta na cela, não fazendo sentido que optasse por algo clandestino, e, quanto à ocultação de provas, eu não atuo na Lava Jato ou na 13 Vara de Curitiba desde novembro de 2018. O revisionismo histórico da Lava Jato fundado em fantasiosas conspirações tem por único objetivo deixar impunes aqueles que roubaram a Petrobras e o Brasil durante os Governos do PT", emendou.
Investigação
Moro recebeu o HD logo depois das gravações, que duraram 11 dias (de 17 a 28 de março de 2014). O material entrou para a história como certidão de nascimento da Lava Jato, que deu início ao lawfare que levou Lula à prisão.
Dias Toffoli também quebrou o sigilo da investigação feita à época que eximiu Moro de culpa - e que é usada pelo senador para alegar que não teve responsabilidade sobre o grampo ilegal.
A investigação fake foi instalada pelo Ministério Público Federal sobre os cinco delegados e um agente da PF. No entanto, a conclusão é que não houve qualquer irregularidade nem prática de crime. Apenas o agente que instalou o grampo foi punido e o caso foi arquivado à época.
À época em que o grampo foi encontrado, Youssef ainda se recusava a colaborar com as investigações da “lava jato”. Tempos depois, Moro e procuradores o colocaram como operador financeiro de um esquema de desvios na Petrobras.
Condenado e pressionado pela Lava Jato, Yousseff firmou acordo de delação premiada em que teria corroborado as narrativas dos procuradores e de Moro para dar início à força-tarefa.