Após um dia intenso, com a prisão de quatro militares e um agente federal envolvidos em um plano para assassinar Lula, Geraldo Alckmin (PSB) e ele próprio, o ministro Alexandre de Moraes intimou o tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro na Presidência, para prestar depoimento à corte às 14h desta quinta-feira (21).
A decisão de convocar Cid foi tomada por Moraes à noite, após receber da Polícia Federal um relatório que aponta omissões e contradições no novo depoimento, dado horas antes pelo militar na sede da corporação em Brasília.
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Como Cid omitiu informações - e suspeita-se que tenha mentido -, a Justiça pode cancelar os benefícios concedidos a ele em troca da delação premiada, entre eles a liberdade até o julgamento da ação.
Há grandes chances que o ex-ajudante de ordens volte para a prisão já nesta quinta-feira, logo após a oitiva no STF, que servirá de base para Moraes tomar a decisão: se cancela ou não o acordo da delação.
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Fonte da PF ouvida pela Fórum afirma que o destino mais provável do tenente-coronel será novamente a cadeia.
"Cid é 'kid preto'... Ele sabe como agir e faz essas idas e vindas. Foi treinado para ludibriar e confundir", disse à Fórum o agente, lembrando que o tenente-coronel é também oriundo das Forças Especiais do Exército, origem dos quatro militares presos por tramarem o assassinato de Lula, Alckmin e do próprio Moraes.
Omissões e contradições
No depoimento dado à PF na tarde desta terça-feira (19), Cid negou que tinha conhecimento sobre o plano para um golpe de Estado e, menos ainda, para assassinar autoridades.
Para os investigadores, a tentativa de Cid de ludibriar o trabalho da PF é claro pois o próprio general Mario Fernandes, também ex-assessor de Bolsonaro e um dos presos na operação, trocou mensagens com o tenente-coronel via WhatsApp.
A PF acredita que Cid tinha conhecimento pleno do que ocorria nos bastidores da trama golpista e, inclusive, fazia a ponte entre Bolsonaro e o general, que chegou a ser recebido pelo ex-presidente no Palácio da Alvorada em 8 de dezembro de 2022, uma semana antes da data marcada para o assassinato de Lula, Alckmin e Moraes.
A reunião aconteceu no dia 8 de dezembro de 2022 no Palácio da Alvorada entre 17h e 17h40.
"Após a visita ao Palácio da Alvorada, MÁRIO FERNANDES, mais uma vez, entrou em contato com MAURO CÉSAR BARBOSA CID, comemorando que o então Presidente JAIR BOLSONARO aceitou o ‘nosso assessoramento’ e noticiando o efeito da reunião entre os manifestantes golpistas", diz a PF no relatório que serviu de base para a prisão do general da reserva, que até março atuava como assessor de gabinete de outro ex-ministro de Bolsonaro, o general Eduardo Pazuello (PL-RJ), na Câmara Federal.
Segundo a PF, Fernandes atuava como "ponto focal" entre Bolsonaro e os manifestantes golpistas acampados em frente ao Quartel-General do Exército em Brasília e teria ciência do primeiro ato golpista, no dia 12 de dezembro, quando bolsonaristas tentaram invadir a sede da PF na capital Federal.