Horas após a prisão do agente Wladimir Matos Soares por envolvimento no plano para assassinar Lula, Geraldo Alckmin (PSB) e o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), policiais federais promoveram uma vaquinha para ajudá-lo.
O pedido de ajuda para os "custos muito altos com advogado" tem meta de R$ 100 mil e já havia arrecadado R$ 4.390 até o meio dia dessa terça-feira (19) - cerca de seis horas após a prisão do agente e de outros quatro militares das Forças Especiais do Exército que tramaram o plano de execução.
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No site, a Vaquinha está em nome de Vanessa Isac Monteiro de Oliveira, esposa de Soares. No entanto, a Fórum teve acesso a mensagens de um grupo de WhatsApp da PF que mostram que a iniciativa partiu dos colegas de corporação.
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No grupo, que reúne policiais federais que já trabalharam como professores do serviço de educação física da Academia Nacional de Polícia, a prisão de "Mike Papa" - gíria usada por policiais para se identificarem -, a prisão do colega golpista causou indignação.
"A caça às bruxas continua", escreveu um agente lotado no Tocantins. Uma outra agente diz que falou com o filho de Soares e que "soube que vai rolar uma vaquinha".
"Já coloquei o nome dele no Google e já apareceu a vakinha", emendou outro agente na conversa a que a Fórum teve acesso.
Em seguida, o link foi distribuído no grupo para proliferar a arrecadação entre amigos.
X-9?
A investigação da própria Polícia Federal (PF), a que a Fórum também teve acesso, afirma que o agente Wladimir Matos Soares atuava como "elemento auxiliar do núcleo vinculado à Tentativa de Golpe de Estado", fornecendo informações restritas, especialmente sobre a segurança de Lula, então presidente eleito - na linguagem policial, Soares pode ser classificado como um "X-9", gíria para alcagüete, delator, "dedo-duro".
"No que concerne o envolvimento de Wladimir Matos Soares, a autoridade policial anota ter o agente da Polícia Federal atuado como
elemento auxiliar do núcleo vinculado à tentativa de ruptura institucional, ao fornecer informações relativas à equipe de segurança do candidato eleito Luiz Inácio Lula da Silva", diz a PF no relatório enviado a Moraes pedindo a prisão do agente.
Em uma das transcrições feitas em trocas de mensagens com golpistas, o agente diz que “eu e minha equipe estamos com todo equipamento pronto para ir ajudar a defender o PALÁCIO e o PRESIDENTE [Bolsonaro]. Basta a canetada sair”.
A conversa se deu com o capitão da reserva Sergio Rocha Cordeiro, então assessor especial de Bolsonaro no Planalto.
"O contexto dos atos praticados por WLADIMIR MATOS SOARES se mostra de elevada relevância, notadamente ao se considerar que os planejamentos antidemocráticos no período envolviam, até mesmo, um plano de execução contra autoridades, entre as quais o Presidente Eleito Luís Inácio Lula da Silva, a citar, nesse sentido, o planejamento PUNHAL VERDE E AMARELO", diz a PF.
Em áudio ao assessor de Bolsonaro, Soares ainda dá informações sobre a equipe que estaria fazendo a segurança de Lula no hotel Meliá, onde o presidente e Janja se hospedaram até a conclusão da reforma do Palácio da Alvorada.
Em outra mensagem, o agente da PF passa informações sobre o segundo sargento reformado Misael Melo da Silva, que integrava a equipe de segurança do presidente.
“Fala Cordeiro. Beleza? Seguinte meu irmão já tá tudo resolvido aqui. O MISAEL ele é do GSI, sim. E... ele tá à disposição aí do, do, do, do, candidato, né, LUÍS INÁCIO", diz na mensagem. " Vamo torcer, meu irmão. Tamo aqui nessa torcida. Essa porra tem que virar logo. Não dá pra continuar desse jeito não irmão. Vamo nessa. Eu tô pronto", emenda na mensagem.
Em 20 de dezembro, Soares manda outra mensagem criticando o colega que estaria na coordenação da segurança durante a posse. “Coordenador da Operação Posse! Petista e baba ovo do Alkimin, DPF Cleyton”.