GOVERNO GOLPISTA

Papel com plano para assassinar Lula foi impresso no Planalto e levado para a casa de Bolsonaro

Militares chegaram a discutir o planejamento de golpe de Estado e assassinato de autoridades na casa de Braga Netto

Documento com plano para assassinar Lula foi impresso no Palácio do Planalto, diz PF.Jair Bolsonaro assina um documento ao lado de Walter Braga Netto no Palácio do Planalto Créditos: Clauber Cleber Caetano/PR
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No relatório sobre as investigações que levaram à prisão, nesta terça-feira (19), de um grupo composto por um policial federal e quatro militares das Forças Especiais do Exército, os chamados "kids pretos", incluindo o general da reserva Mário Fernandes, a PF aponta que Fernandes imprimiu, dentro do Palácio do Planalto, um documento que detalhava um plano para assassinar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o vice-presidente Geraldo Alckmin e o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), 

O documento em questão foi produzido em novembro de 2022. Segundo os investigadores, a impressão foi feita por Fernandes no Palácio do Planalto em 9 de novembro de 2022, e posteriormente levado ao Palácio da Alvorada, residência oficial do então presidente Jair Bolsonaro. Na mesma data, Bolsonaro ainda ocupava o cargo e residia no Alvorada, dias após ser derrotado por Lula no segundo turno das eleições.

O relatório da PF também destaca que, no momento em que o documento foi impresso, Jair Bolsonaro estava no Palácio do Planalto, acompanhado do ex-ajudante de ordens Mauro Cid e do major Rafael de Oliveira. 

"A Polícia Federal aponta que o documento contendo o planejamento operacional denominado “Punhal verde amarelo” foi impresso pelo investigado MÁRIO FERNANDES no Palácio do Planalto, no dia 09/11/2022, ocasião em que os aparelhos telefônicos dos investigados RAFAEL MARTINS DE OLIVEIRA (JOE) e MAURO CESAR CID estavam conectados a ERBS que cobrem o Palácio do Planalto, e posteriormente levado até o palácio do Alvorada, local de residência do presidente da República, JAIR BOLSONARO. (...) "O então presidente da República JAIR BOLSONARO também estava no Palácio do Planalto. No mesmo período, verificou-se também a presença concomitante, na região do palácio do Planalto, de MAURO CID e RAFAEL DE OLIVEIRA. Conforme descrito no tópico 2.2. desta peça, a Polícia Federal comprovou que o então Major RAFAEL DE OLIVEIRA (JOE), Força Especial (“kid Preto”), lotado no Batalhão de Ações e Comando – BAC, foi um dos integrantes da operação “copa 2022”, que efetuaria a prisão/execução do ministro ALEXANDRE DE MORAES no dia 15/12/2022”, diz a PF. 

Entenda 

A Polícia Federal (PF) prendeu, nas primeiras horas da manhã desta terça-feira (19), quatro militares do Exército Brasileiro e um policial federal que planejavam um golpe de Estado no Brasil. A organização criminosa tinha planos, ainda, para assassinar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o vice-presidente Geraldo Alckmin e o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). 

As prisões foram realizadas na operação "Contragolpe", deflagrada pela PF após autorização de Moraes, no âmbito do inquérito que investiga a tentativa de golpe de Estado no país entre o final de 2022 e início de 2023. 

Os militares presos por planejarem o assassinato de Lula, Alckmin e Moraes, da ativa e da reserva, compõem as Forças Especiais do Exército Brasileiro, especializadas em operações de alto risco e sigilo – esses militares são conhecidos como "kids pretos". 

"As investigações apontam que a organização criminosa se utilizou de elevado nível de conhecimento técnico-militar para planejar, coordenar e executar ações ilícitas nos meses de novembro e dezembro de 2022. Os investigados são, em sua maioria, militares com formação em Forças Especiais (FE). Entre essas ações, foi identificada a existência de um detalhado planejamento operacional, denominado 'Punhal Verde e Amarelo', que seria executado no dia 15 de dezembro de 2022, voltado ao homicídio dos candidatos à Presidência e Vice-Presidência da República eleitos. Ainda estavam nos planos a prisão e execução de um ministro do Supremo Tribunal Federal, que vinha sendo monitorado continuamente, caso o Golpe de Estado fosse consumado", detalha a PF. 

Segundo os investigadores, a organização criminosa mantinha um planejamento com o detalhamento de recursos que seriam necessários para a consumação do golpe de Estado e dos assassinados, e previa ainda a instalação de um “Gabinete Institucional de Gestão de Crise” que seria composto pelos próprios golpistas após as ações criminosas.  

Um dos presos pela PF nesta terça foi assessor de Jair Bolsonaro até 2022 e, atualmente, integra a equipe do deputado federal e ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello. 

Confira a nota da PF sobre a operação e as prisões 

"A Polícia Federal deflagrou nesta terça-feira (19/11) a Operação Contragolpe, para desarticular organização criminosa responsável por ter planejado um golpe de Estado para impedir a posse do governo legitimamente eleito nas Eleições de 2022 e restringir o livre exercício do Poder Judiciário.

As investigações apontam que a organização criminosa se utilizou de elevado nível de conhecimento técnico-militar para planejar, coordenar e executar ações ilícitas nos meses de novembro e dezembro de 2022. Os investigados são, em sua maioria, militares com formação em Forças Especiais (FE).

Entre essas ações, foi identificada a existência de um detalhado planejamento operacional, denominado “Punhal Verde e Amarelo”, que seria executado no dia 15 de dezembro de 2022, voltado ao homicídio dos candidatos à Presidência e Vice-Presidência da República eleitos.

Ainda estavam nos planos a prisão e execução de um ministro do Supremo Tribunal Federal, que vinha sendo monitorado continuamente, caso o Golpe de Estado fosse consumado.

O planejamento elaborado pelos investigados detalhava os recursos humanos e bélicos necessários para o desencadeamento das ações, com uso de técnicas operacionais militares avançadas, além de posterior instituição de um “Gabinete Institucional de Gestão de Crise”, a ser integrado pelos próprios investigados para o gerenciamento de conflitos institucionais originados em decorrência das ações.

Policiais federais cumprem cinco mandados de prisão preventiva, três mandados de busca e apreensão e 15 medidas cautelares diversas da prisão, que incluem a proibição de manter contato com os demais investigados, a proibição de se ausentar do país, com entrega de passaportes no prazo de 24 (vinte e quatro) horas, e a suspensão do exercício de funções públicas. O Exército Brasileiro acompanhou o cumprimento dos mandados, que estão sendo efetivados no Rio de Janeiro, Goiás, Amazonas e Distrito Federal.

Os fatos investigados nesta fase da investigação configuram, em tese, os crimes de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, Golpe de Estado e organização criminosa". 

Assassinatos discutidos na casa de Braga Netto

O plano de militares para assassinar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o vice-presidente Geraldo Alckmin e o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), com o objetivo de deflagrar um golpe de Estado que mantivesse Jair Bolsonaro no poder após as eleições de 2022, foi discutido na casa do general Braga Netto, ex-ministro da Casa Civil e candidato a vice de Bolsonaro no último pleito presidencial. 

A informação de que a articulação golpista se deu na casa de Braga Netto foi confirmada aos investigadores da PF por Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro que foi preso e que celebrou acordo de delação premiada. 

Nesta terça-feira (19), a PF deflagrou operação e prendeu o general da reserva Mario Fernandes, que atuou como ministro-substituto da Secretaria-Geral da Presidência da República de Bolsonaro e defendeu, na fatídica reunião ministerial de julho de 2022, "alternativas" antes das eleições.

Fernandes foi preso junto com outros três militares das Forças Especiais do Exército, os chamados "kids pretos", além de um policial federal, por supostamente integrarem a organização criminosa que planejava assassinar autoridades e aplicar um golpe de Estado no Brasil.