SANTA PRESSÃO

Lula pode ter ministra evangélica para diminuir desgaste com religiosos

No Palácio do Planalto, assessores de Lula dão como certa uma reforma ministerial após as eleições para a presidência da Câmara e do Senado

Eliziane Gama é cogitada para ser o nome evangélico na reforma ministerial.A senadora Eliziane Gama relatando a CPMI do 8 de Janeiro no CongressoCréditos: Waldemir Barreto/Agência Senado/Divulgação
Escrito en POLÍTICA el

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva está avaliando a possibilidade de nomear um representante da Frente Parlamentar Evangélica para um ministério, preferencialmente uma mulher, em uma tentativa de fortalecer laços com os evangélicos e atrair o público feminino. Os comentário dão conta de que Lula tomará essa medida visando reduzir resistências e desgastes enfrentados pelo governo do PT junto a esses segmentos eleitorais.

As conversas entre ministros e líderes evangélicos já vinham acontecendo, mas ganharam força nos últimos meses. No Palácio do Planalto, assessores de Lula dão como certa uma reforma ministerial após as eleições para a presidência da Câmara e do Senado, previstas para fevereiro de 2025. Essa reformulação busca preparar o governo para a segunda metade do mandato, refletindo a nova configuração política pós-eleições municipais e fortalecendo alianças para uma possível candidatura de Lula em 2026. Os evangélicos, que representam 30% da população, são vistos como um grupo crucial nas eleições.

Entre os nomes considerados para ocupar um ministério estão a senadora Eliziane Gama (PSD-MA) e a deputada Benedita da Silva (PT-RJ). Benedita já foi ministra de Assistência e Promoção Social entre 2003 e 2004, durante o primeiro mandato de Lula. Um dos ministérios de maior interesse dos evangélicos é o do Desenvolvimento Social, atualmente comandado pelo senador licenciado Wellington Dias (PT), responsável pelo programa Bolsa Família, um dos principais trunfos do governo.

Ministros como Jorge Messias, chefe da Advocacia-Geral da União (AGU), e Alexandre Padilha, ministro das Relações Institucionais, têm mantido reuniões frequentes com líderes evangélicos a pedido de Lula. Messias, criado em uma família batista e frequentador de cultos desde a infância, tem sido um elo importante entre o governo e as lideranças evangélicas, enfatizando que o governo nunca se opôs aos valores cristãos. Ele tem dialogado com diversas denominações, incluindo figuras como o deputado Cezinha de Madureira (PSD-SP) e o Bispo Rodovalho, da Sara Nossa Terra.

A bancada evangélica no Congresso Nacional conta atualmente com 151 deputados e 19 senadores, a maioria alinhada com o ex-presidente Jair Bolsonaro. Em um movimento para tentar reduzir essa aliança, Lula busca integrar líderes evangélicos em seu governo. No entanto, há resistência. O deputado Sóstenes Cavalcante (PL-RJ), aliado de Bolsonaro, criticou a estratégia de Lula, afirmando que a tentativa de manipular a fé não terá sucesso. Para o pastor Zé Barbosa Jr, colunista da Fórum, “Sóstenes tenta colar no governo exatamente aquilo que ele e seu principal mentor, Silas Malafaia, fazem: manipular a fé do povo. É uma estratégia narrativa: acusar o outro daquilo que eles realizam.”

Silas Câmara (Republicanos-AM), presidente da Frente Parlamentar Evangélica, destacou que, apesar das conversas, não há compromisso com o governo federal, enfatizando a necessidade de mudanças de atitudes por parte do governo. Bom lembrar que Silas chegou a ser cassado em janeiro deste ano por captação e gasto ilícito de recursos financeiros, durante a campanha eleitoral de 2022. Mas recorreu e foi absolvido pelo mesmo tribunal que o condenou (TRE-AM).

Com a aproximação das eleições para a presidência da Câmara e do Senado, espera-se que Lula promova uma reforma ministerial para consolidar acordos e ajustar sua equipe ao cenário político pós-eleições municipais, refletindo a nova configuração de forças no país.