A fusão entre a Indústria Aeroespacial S/A - Institucional (Avibras) e a empresa de engenharia aeroespacial Akaer, duas gigantes brasileiras da defesa, promete injetar US$ 1 bilhão na economia e gerar milhares de empregos. A união, apoiada pelo governo Lula, visa salvar a Avibras da falência, que acumulou uma dívida milionária, além de fortalecer a indústria nacional de defesa.
Fundada em 1961, a Avibras, outrora um dos pilares da indústria de defesa brasileira, enfrenta uma crise sem precedentes. A empresa, pioneira no desenvolvimento de equipamentos militares nacionais, acumula uma dívida de R$ 600 milhões e foi obrigada a demitir 420 funcionários. Atualmente, com 900 colaboradores e linhas de produção paradas por falta de capital, a Avibras luta para se manter em um processo de recuperação judicial.
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Responsável pela produção do armamento do Exército Brasileiro, a empresa se tornou alvo de interesse de empresas estrangeiras como a DefendTex e a Norinco. Essa disputa internacional pela empresa, considerada estratégica para a defesa nacional, gerou grande preocupação no governo, que, por meio do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), busca alternativas para manter o controle nacional sobre a tecnologia.
Disputa pela tecnologia brasileira
O cerne da disputa pela Avibras reside no Astros 2020, um lançador de mísseis e foguetes de alta precisão, e no AV-MTC-300, um míssil tático de cruzeiro em fase final de desenvolvimento. A propriedade intelectual deste último pertence ao Exército Brasileiro, que investiu na sua criação. Considerada uma tecnologia de ponta, é capaz de atingir alvos com grande precisão, e é restrita a poucas nações no mundo.
A venda da maioria das ações da Avibras para a DefendTex transformaria uma empresa brasileira em um ativo estrangeiro. Essa transação poderia resultar na transferência de suas plantas produtivas para a Austrália, intensificando o desemprego e a desindustrialização no país. Além disso, a tecnologia militar brasileira, desenvolvida com investimentos públicos, poderia ser utilizada em conflitos como a guerra na Ucrânia, contrapondo-se aos interesses do governo brasileiro.
E a Akaer
A decisão de vender parte da Avibras para a chinesa Norinco não era apenas um negócio, mas uma jogada geopolítica com consequências de longo prazo. As sanções americanas, além de prejudicar a empresa, poderiam afetar a relação do Brasil com os Estados Unidos e seus aliados. Diante desse cenário, a fusão com a Akaer se apresenta como uma alternativa estratégica, preservando a autonomia tecnológica do país.
A empresa já contribuiu significativamente para o desenvolvimento de aeronaves como o Embraer Super Tucano e o KC-390, além de ter participado de projetos globais como o Gripen E/F, da Saab, e o Hurjet, da Turquia. A união da Avibras e da Akaer promete dar origem a um gigante da indústria de defesa brasileira, capaz de competir no mercado global. A fusão, que prevê a adaptação das tecnologias da Akaer aos sistemas Astros, por exemplo, abrirá novas perspectivas de negócios e fortalecerá a posição do Brasil no setor.