Terminadas as eleições no primeiro turno em São Paulo a campanha do atual prefeito Ricardo Nunes deve estar debruçada sobre a péssima notícia divulgada pelo Tribunal Superior Eleitoral: o resultado final da eleições.
Com 100% das seções totalizadas, Nunes obteve 1.801.139 votos (29,48% dos votos válidos) contra 1.776.127 (29,07%) votos recebidos por Boulos.
Foi registrado o comparecimento de 6.773.587 eleitoras e eleitores (72,66%) às urnas. O total de votos em branco foi de 241.734 (3,57%), e os votos nulos contabilizaram 422.802 (6,24%). O número de abstenções foi de 2.548.857 (27,34%). [TSE]
Quando um prefeito concorre à reeleição a eleição é plebiscitária sobre a avaliação de seu governo. E Nunes fica muito mal ao não conseguir nem 30% de aprovação dos eleitores.
O prefeito teve o maior tempo de propaganda, o apoio da mídia corporativa, mais os apoios de Bolsonaro e do governador do estado, Tarcísio de Freitas. Ainda assim, nem aos 30% chegou.
Foi um recado claro da população a Nunes: o povo de São Paulo desaprova sua administração. 3,57% preferiram votar em branco, 6,24% anularam o voto e outros 27,34% nem compareceram às urnas. 37,15% do total de eleitores não se animaram a dar um voto no atual prefeito.
Levando-se em conta apenas os votos válidos, Nunes teve 29,48% dos votos, o que significa, antes de mais nada, que 70,52% dos eleitores que foram às urnas e escolheram um candidato não votaram nele. É um claro sinal de desejo de mudança, que querem outro nome na prefeitura.
A campanha de Boulos entendeu a mensagem e o próprio Boulos declarou ontem após a confirmação do segundo turno:
“A enorme maioria do povo de São Paulo votou pela mudança, e agora no segundo turno é o que vai estar em jogo. Se você acha que São Paulo está uma cidade segura, bem no SUS e que os ônibus não estão lotados, vocês concordam com nosso adversário. Se querem mudar, venham comigo e com a Marta."
A candidata Tabata Amaral declarou seu apoio a Boulos. Se apenas os eleitores dela (9,91%) seguirem sua orientação Boulos parte de 38,98% dos votos.
Além disso, o presidente Lula deve intensificar sua presença no segundo turno das eleições em apoio a Boulos.
Ao mesmo tempo, Bolsonaro, que andou escondido no primeiro turno, aguardando para onde soprariam os ventos, agora deve entrar em campo para não deixar que o governo Tarcísio se sobressaia. Mas como atualmente Tarcísio tem maior prestígio entre os paulistanos que Bolsonaro, essa não é boa noticia para Nunes.
A incógnita é Marçal. Ele já declarou apoio a Nunes. Mas seus eleitores completamente radicalizados e antissistema o farão?
E Nunes? Ele vai fingir que não disse sobre Marçal "Eu não faço acordo com bandido. Ele é um bandido"? Como isso afetaria os eleitores de Nunes que repudiaram Marçal por suas ofensas ao prefeito e seu agressivo questionamento sobre o Boletim de Ocorrência da esposa de Nunes, por exemplo?
Até para buscar e conseguir apoio Nunes terá dificuldades.
Já a campanha de Boulos deve marcar terreno e transformar o segundo turno naquilo que é: uma eleição plebiscitária sobre a aprovação ou não do governo Nunes.
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