Alexandre Padilha, ministro das Relações Institucionais do governo Lula, se pronunciou na noite deste domingo (27) sobre a tentativa do governador de São Paulo, Tarcísio Gomes de Freitas, de associar Guilherme Boulos (PSOL), que concorreu à prefeitura de São Paulo contra Ricardo Nunes (MDB), à organização criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC).
Segundo Padilha, Tarcísio cometeu uma "ação criminosa grave" ao fazer tal associação em pleno dia do segundo turno da eleição municipal e defendeu que o governador seja investigado.
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Na tarde de domingo (27), logo após votar e ao lado de Ricardo Nunes, seu candidato que se reelegeu para mais 4 anos à frente da prefeitura da capital paulista, Tarcísio afirmou à imprensa, sem provas, que integrantes do PCC orientaram familiares a votarem em Boulos. Trata-se de uma clara tentativa do governador, em pleno exercício do seu cargo, de interferir no processo eleitoral. Tarcísio comentou sobre um comunicado emitido pela SAP (Secretaria de Administração Penitenciária) de São Paulo, que teria interceptado mensagens de membros do PCC orientando votos em algumas cidades do estado.
"A gente vem alertando isso há muito tempo. Nós fizemos um trabalho grande de inteligência, temos trocado informações com o Tribunal Regional Eleitoral para que providências sejam tomadas", disse. Perguntado sobre qual era o candidato no qual o PCC estaria orientando voto, ele respondeu: "Boulos".
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Padilha se pronunciou sobre o caso durante ato em que Guilherme Boulos fez seu pronunciamento logo após a apuração dos votos. O ministro se mostrou espantado como fato de um governador ter utilizado seu cargo para tentar interferir no resultado do pleito eleitoral.
“Nunca vi uma ação criminosa tão grave de crime eleitoral, de abuso de poder econômico como o cometido pelo governador de São Paulo no dia de hoje. Ele repetiu o laudo falso do primeiro turno, do outro adversário do nosso candidato Guilherme Boulos, usando do poder que tem, político, de ser o chefe da Polícia Militar, de ser o chefe do sistema penitenciário no nosso estado, ser o chefe da Polícia Civil, ou seja, o chefe de todos os instrumentos de inteligência, propagando uma mentira”, disse Padilha.
O ministro ainda explicou o porquê a declaração de Tarcísio tentando associar Boulos a PCC não passa de uma mentira fabricada para criar um fato político com o objetivo de beneficiar seu candidato.
“Tanto é mentira que ele não fez o que deveria ter feito, caso fosse verdade, que era encaminhar qualquer informação como essa ao Tribunal Regional Eleitoral [TRE] e à operação compartilhada que existe de inteligência com coordenada pelo Ministério da Justiça. Foi abuso do poder político, crime eleitoral, que precisa ser apurado pelos órgãos competentes", afirmou o ministro.
Secretário do Ministério da Justiça desmente Tarcísio
O secretário Nacional de Segurança Pública do Ministério da Justiça, Mário Luiz Sarrubbo, desmentiu Tarcísio ao afirmar que os serviços de inteligência do governo federal não identificaram nenhum tipo de orientação de voto por parte de integrantes do PCC.
"A inteligência do governo federal não indicou nenhuma orientação de facções criminosas para votação em candidatos nas capitais nesse segundo turno", declarou Sarrubbo.
O secretário ressaltou, ainda, que sua pasta não recebeu nenhuma comunicação do governo de São Paulo neste sentido. "Nada foi compartilhado pelo governo estadual também", pontuou.
Justiça eleitoral desmente Tarcísio
Antes da manifestação do secretário Nacional de Segurança Pública, o Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo (TRE-SP), citado por Tarcísio em sua grave declaração contra Boulos, já havia desmentido o governador.
"Nós fizemos um trabalho grande de inteligência, temos trocado informações com o Tribunal Regional Eleitoral para que providências sejam tomadas", havia dito Tarcísio.
O TRE-SP, entretanto, informou em nota oficial que, diferentemente do que disse o governador, o órgão não foi acionado para tomar providências sobre o suposto caso.
"Não chegou ao conhecimento do TRE-SP nenhum relatório nem nenhuma informação oficial sobre o assunto", diz a nota divulgada pelo tribunal.
Boulos aciona Justiça contra Tarcísio: "Responderá por sua atitude criminosa"
Guilherme Boulos, candidato do PSOL à prefeitura de São Paulo, divulgou uma nota oficial na tarde deste domingo (27) em que anuncia que acionará a Justiça contra o governador do estado, Tarcísio Gomes de Freitas, pela declaração que fez ao lado de seu adversário no segundo turno da eleição, Ricardo Nunes (MDB), tentando associá-lo à organização criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC).
Segundo Boulos, Tarcísio tenta criar uma fake news em um "claro gesto de campanha". O candidato do PSOL classificou a atitude do governador como "vergonhosa e irresponsável".
"É criminosa a atitude do governador Tarcisio de Freitas de criar uma grave fake news em pleno domingo de eleições. Tarcísio é cabo eleitoral de Nunes, faz tal declaração ao lado do prefeito em claro gesto de campanha. Usa a máquina pública de maneira vergonhosa e irresponsável. Isso fere todos os preceitos democráticos", escreveu Boulos. "O governador Tarcísio responderá na Justiça por sua atitude criminosa", finalizou o candidato do PSOL.
PT quer prisão de Tarcísio
Em nota oficial, os diretórios municipal e estadual do Partido dos Trabalhadores (PT), que compõe a chapa de Guilherme Boulos, defenderam a prisão de Tarcísio pela declaração sobre Boulos e PCC. Segundo a legenda, Tarcísio teria cometido abuso de poder.
"O governador Tarcísio, em uma tentativa desesperada de encobrir os vínculos evidentes de Ricardo Nunes com o PCC, cometeu abuso de poder ao afirmar que a organização criminosa apoia o candidato da oposição. Os fatos mostram o contrário: é Ricardo Nunes quem tem relações com o PCC, tanto nas nomeações que fez quanto nas contratações da prefeitura que são objeto de investigação do Ministério Público. O desespero do governador deixa ainda mais claro o clima de virada que vemos nas ruas. Hoje é dia de votar 50; amanhã o governador responderá pelos seus atos. Ele deveria ser preso por usar a máquina pública para cometer mais esse crime eleitoral", diz a nota assinada por Kiko Celeguim (presidente do Diretório Estadual do PT de São Paulo) e Laércio Ribeiro (presidente do Diretório Municipal do partido).
"A inteligência do governo federal não indicou nenhuma orientação de facções criminosas para votação em candidatos nas capitais nesse segundo turno", declarou Sarrubbo.
O secretário ressaltou, ainda, que sua pasta não recebeu nenhuma comunicação do governo de São Paulo neste sentido. "Nada foi compartilhado pelo governo estadual também", pontuou.
"Ultrapassou todos os limites"
Em vídeo divulgado nas redes sociais, Boulos classificou a declaração de Tarcísio como "inacreditável" e "extremamente grave", ressaltando que o governador não apresentou qualquer tipo de prova e que ventilou o assunto em uma tentativa de interferir nos resultados da votação que ocorre neste domingo.
"É inacreditável, uma declaração extremamente grave, sem nenhum tipo de prova. Olha o nível! Eles devem estar fazendo pesquisas que devem estar mostrando a onda de mudança, a onda de virada, e partiram pro desespero absoluto. É inacreditável o que está acontecendo para tentar influenciar as eleições, tentar botar medo nas pessoas", declarou o candidato do PSOL.
Guilherme Boulos afirmou, ainda, que a tentativa de Tarcísio de associá-lo ao PCC é tão grave contra o laudo falso divulgado por Pablo Marçal (PRTB) às vésperas do primeiro turno da eleição. O documento tentava associar Boulos ao uso de cocaína.
No mesmo pronunciamento sobre a fala de Tarcísio, Boulos anunciou que tomará medidas judiciais contra o governador de São Paulo.
"Vamos tomar todas as medidas cabíveis contra o governador e contra quem está divulgando essas mentiras. Ele tem informações? Então, mostre. É igual ao caso do laudo. Ultrapassaram qualquer limite. É desespero", pontuou Boulos.
"No dia da eleição o governador faz uma declaração irresponsável, mentirosa. Olha a gravidade. Estão usando a máquina pública, na voz do próprio governador, inventando uma mentira à uma da tarde no dia da eleição", prosseguiu.
Em vídeo divulgado nas redes sociais, Boulos classificou a declaração de Tarcísio como "inacreditável" e "extremamente grave", ressaltando que o governador não apresentou qualquer tipo de prova e que ventilou o assunto em uma tentativa de interferir nos resultados da votação que ocorre neste domingo.
"É inacreditável, uma declaração extremamente grave, sem nenhum tipo de prova. Olha o nível! Eles devem estar fazendo pesquisas que devem estar mostrando a onda de mudança, a onda de virada, e partiram pro desespero absoluto. É inacreditável o que está acontecendo para tentar influenciar as eleições, tentar botar medo nas pessoas", declarou o candidato do PSOL.
Guilherme Boulos afirmou, ainda, que a tentativa de Tarcísio de associá-lo ao PCC é tão grave contra o laudo falso divulgado por Pablo Marçal (PRTB) às vésperas do primeiro turno da eleição. O documento tentava associar Boulos ao uso de cocaína.
No mesmo pronunciamento sobre a fala de Tarcísio, Boulos anunciou que tomará medidas judiciais contra o governador de São Paulo.
"Vamos tomar todas as medidas cabíveis contra o governador e contra quem está divulgando essas mentiras. Ele tem informações? Então, mostre. É igual ao caso do laudo. Ultrapassaram qualquer limite. É desespero", pontuou Boulos.
"No dia da eleição o governador faz uma declaração irresponsável, mentirosa. Olha a gravidade. Estão usando a máquina pública, na voz do próprio governador, inventando uma mentira à uma da tarde no dia da eleição", prosseguiu.