RELIGIÃO E POLÍTICA

Deputados quase saem no tapa por voto evangélico na Bahia

O presidente da Assembleia teve que intervir para acalmar os ânimos no plenário. O conflito se dá pela disputa acirrada no segundo turno das eleições em Camaçari, na Região Metropolitana de Salvador

Junior Muniz (PT) e Samuel Jr. (Republicanos), no centro da disputa.Créditos: Reprodução / Youtube TvALBA
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Na tarde desta terça-feira (22), um intenso desentendimento marcou a sessão da Assembleia Legislativa da Bahia (AL-BA). Os deputados Junior Muniz (PT), Samuel Jr. (Republicanos) e Jurailton Santos (Republicanos) se envolveram em um embate após acusações feitas por Muniz sobre a atuação de membros da comunidade evangélica nas eleições de Camaçari.

Muniz afirmou que evangélicos estavam invadindo igrejas em Camaçari com o objetivo de prejudicar a candidatura de Luiz Caetano (PT) à prefeitura. "Não tenho dúvida, Samuel, que o povo também evangélico, do qual você faz parte, quer essa mudança. Caetano tem uma história limpa e bonita em Camaçari", declarou Muniz, dirigindo-se ao deputado Samuel Jr.

Presidindo a sessão, Samuel Jr. rebateu, alegando que os evangélicos com quem ele mantém contato apoiam o candidato Flávio Matos, do União Brasil. "Enquanto presido a sessão, compete a mim garantir a isonomia do discurso político. Mas quando vossa excelência mencionou 'Samuel, a questão dos evangélicos', saiba que os evangélicos que conheço já declararam apoio ao 44. Só para deixar isso claro", respondeu Samuel Jr.

O debate se intensificou quando Muniz pediu direito de resposta e voltou a acusar os evangélicos de Salvador de promoverem invasões nas igrejas de Camaçari para interferir nas eleições. "Os evangélicos de Salvador foram para lá [Camaçari]. Vossa excelência [Samuel], Jurailton, Débora Regis. Inclusive, para os evangélicos invadirem as igrejas. Você sabe do que estou falando. ‘Vamos invadir, porque lá só está dando 13’. Você está equivocado", declarou o petista.

A resposta de Samuel Jr. veio em tom de indignação. Ele exigiu respeito e criticou duramente as acusações de Muniz. "Quando se referir à igreja, não tome como referência o exemplo de seu principal líder. Vossa excelência [Muniz] deve lavar a boca. Em momento algum houve orientação para invadir igrejas; quem tem costume de invadir é o seu partido. Respeite as igrejas. Isso é uma falta de respeito", disparou Samuel Jr.

O presidente da Assembleia, Adolfo Menezes (PSD), teve que intervir para acalmar os ânimos no plenário. O contexto do conflito é a disputa acirrada pelo segundo turno das eleições em Camaçari, na Região Metropolitana de Salvador, que tem movimentado a política local. A chapa de Luiz Caetano (PT) tem como vice-prefeita a pastora Déa Santos (PSB), o que torna ainda mais sensível a questão do apoio evangélico nas eleições municipais.