FASCISMO BOLSONARISTA

Carla Zambelli: a ironia do juiz e a negativa ao HC do jornalista alvo de perseguição

Enquanto a deputada bolsonarista sequer foi julgada pelo STF por perseguição armada, Luan Araújo teve rejeitado seu pedido para suspender a condenação por difamação por ter falado sobre o caso

Carla Zambelli ameaça eleitor com arma no meio da rua.Créditos: Reprodução
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O caso envolvendo a perseguição armada de Carla Zambelli (PL-SP) ao jornalista Luan Araújo às vésperas do segundo turno da eleição presidencial de 2022 ganha traços mórbidos e classistas a cada decisão judicial.

Enquanto a deputada bolsonarista sequer foi julgada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) pelos crimes de porte ilegal de arma e constrangimento ilegal com emprego de arma de fogo, Araújo passa por constrangimento ao entrar com pedido de revisão da pena imposta a ele pela Justiça de São Paulo, que o condenou a oito meses de detenção em regime aberto por difamação.

O jornalista foi processado por Carla Zambelli por dizer em entrevista que  a deputada "segue uma seita de doentes de extrema-direita" e "segue cometendo atrocidades atrás de atrocidades".

Araújo afirmou ainda que a bolsonarista se aproveitou da cobertura midiática à época para "fazer o picadeiro clássico de uma extrema-direita mesquinha, maldosa e que é mercadora da morte".

Na sentença, o juiz Fabrício Zia destilou ironia e condenou o jovem, reiterando que Araújo ultrapassou o fato jornalístico e as críticas à deputada foram  "uma ofensa pura e simples".

"A ninguém é dado fazer Justiça com as próprias mãos, sobretudo quando o fato ainda pende de julgamento no STF", ironizou o magistrado, lembrando o processo no Supremo em que Carla Zambelli é ré justamente por tentar fazer justiça com as próprias mãos.

O processo correu à toque de caixa e o jornalista entrou com pedido de habeas corpus para tentar anular a pena - transformada em prestação de serviços comunitários. 

No entanto, em decisão na semana passada, os desembargadores do Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP) negaram o pedido alegando que o jornalista não pagou as taxas devidas para a apresentação do recurso no prazo previsto em lei.

Ho habeas corpus, Araújo disse que não cometeu crime, mas exerceu o direito a seu trabalho como jornalista, amparado pela liberdade de expressão.