Distante e calado no primeiro turno das eleições de São Paulo, quando flertou com Pablo Marçal (PRTB), Jair Bolsonaro (PL) fez uma negociata para embarcar na campanha de Ricardo Nunes (MDB) na última semana do embate contra Guilherme Boulos (PSOL) no segundo turno.
Segundo o jornal O Globo, Bolsonaro fechou a agenda e vai participar de um culto com Nunes na terça-feira (22). O ex-presidente ainda terá um encontro fechado em um restaurante no Morumbi, bairro nobre da capital, com Nunes e cerca de 300 lideranças políticas e empresariais.
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Escondido na campanha em razão da rejeição entre os paulistanos - que, segundo o Datafolha, supera os 60% -, Bolsonaro agora quer pegar carona na campanha de Nunes, que lidera as pesquisas, com vistas a 2026.
Um dos principais objetivos é retomar a influência do bolsonarismo no eleitorado evangélico, parcialmente sequestrado por Marçal no primeiro turno.
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Nunes retomou boa parte dos votos dos evangélicos no segundo turno e tem 59% das intenções neste nicho, segundo a pesquisa Quaest divulgada nesta quarta-feira (16) - Boulos tem 22%.
Além da encenação ao lado de Nunes no culto evangélico, Bolsonaro deve falar com o eleitorado evangélico em um podcast com o prefeito, que será gravado para render cortes que serão divulgados nas redes após o fim da propaganda no rádio e TV, que saem do ar na sexta-feira (24), dois dias antes do segundo turno.
A estratégia é semelhante à colocada em marcha por Marçal no primeiro turno, quando o ex-coach divulgou um laudo fajuto contra Boulos após o debate na Globo, no fim da noite da quinta-feira (3), quando não havia mais propaganda na Tv e no rádio no primeiro turno.
Já no restaurante no Morumbi, Bolsonaro vai afagar deputados e lideranças do PL e do MDB, que se magoaram com o fato do ex-presidente ter ficado em cima do muro no primeiro turno.
O movimento acontece após o presidente da sigla, Valdemar da Costa Neto piscar para a família Marinho e dizer que o governador Tarcísio Gomes de Freitas (Republicanos) é o "número 1" da fila para ser candidato à Presidência caso Bolsonaro siga inelegível.
"O candidato nosso é o Bolsonaro, seria o melhor para nós. Mas (diante da inelegibilidade), o número 1 da fila é o Tarcísio", disse Costa Neto em entrevista a Globonews no último dia 11.
Em nova entrevista ao jornal O Globo, Costa Neto, foi menos direto, mas voltou a afagar Tarcísio. que é cortejado para entrar no PL com tapete vermelho.
"Nunca perguntei se o Tarcísio vinha para o PL. Um dia, em um jantar, Tarcísio vira para mim e fala: “Valdemar, eu vou entrar no PL”. Eu disse: “eu sei, está cheio de notícia disso. Vou fazer a maior festa que um político já recebeu em São Paulo”. Ele pediu para esperar passar algumas coisas, privatização da Sabesp. Acho que ele não deixou o Republicanos porque ia prejudicar o partido no estado de São Paulo", disse o presidente do PL, que ressaltou que acredita que "ele vem".
A sinalização de Costa Neto à Globo, que afaga Tarcísio para ser a "terceira via" contra Lula em 2026, provocou um chilique em Bolsonaro, que em entrevista a um canal bolsonarista mandou recado para Costa Neto.
"Eu sei que não sou nada no partido, agradeço muito ao Valdemar, mas o candidato para 2026 é Jair Messias Bolsonaro. Estou inelegível por quê? Porque me reuni com embaixadores? Porque subi no carro de som do pastor Malafaia? Abuso de poder político? Que voto eu ganhei por ter me reunido com embaixadores? Que abuso de poder econômico por estar no carro do Malafaia? É uma perseguição", surtou.
Em seguida, Bolsonaro afirmou que "joga a toalha", ou seja, desiste da política caso sua inelegibilidade seja mantida pela Justiça Eleitoral.
"Se isso for avante, essa inelegibilidade continuar valendo, eu jogo a toalha, não acredito mais no Brasil, no meu país que eu tanto adoro e amo, dou a minha vida por ele, mas realmente é inacreditável. Se isso continuar valendo, eu só tenho um caminho: cuidar da minha vida", concluiu - assista ao vídeo.