Nesta terça-feira (15), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) sancionou um projeto de lei que estabelece o Dia Nacional da Música Gospel. A proposta, de autoria do deputado federal Raimundo dos Santos (PSD-PA), que também é cantor e sanfoneiro gospel, define que a data será comemorada anualmente em 9 de junho.
A decisão de Lula em aprovar a lei é vista como um gesto de aproximação com os evangélicos, um grupo onde o presidente enfrenta alta rejeição. Em uma pesquisa realizada pelo instituto AtlasIntel em parceria com a CNN Brasil, em junho deste ano, 69,3% dos evangélicos desaprovavam a administração de Lula. O projeto, aprovado pelo Congresso em setembro, recebeu apoio inclusive de parlamentares da oposição, como a senadora Damares Alves (PL-DF) e o senador Marcos Rogério (PL-RO).
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Lula tem buscado estreitar os laços com a comunidade evangélica, que tradicionalmente apoia candidatos de direita e contribui para avaliações negativas de seu governo. Reverter essa situação é uma prioridade para o Palácio do Planalto desde o início de seu mandato.
Membros do governo acreditam que os esforços de Lula para agradar ao público evangélico têm surtido efeito, embora de maneira lenta e gradual. Pesquisas indicam uma redução na avaliação negativa do presidente por parte desse segmento. Em maio, 42% dos evangélicos tinham uma visão negativa do governo, número que caiu para 39% em junho.
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No mês passado, como parte dessa estratégia, Lula já havia sancionado um "pacote cristão", que incluiu a criação do Dia Nacional da Pastora Evangélica e do Pastor Evangélico, a ser comemorado no segundo domingo de junho, e o reconhecimento das expressões artísticas cristãs como manifestação cultural nacional.
O evento onde a lei foi sancionada aconteceu de forma restrita e o presidente fez o seguinte comentário: “A música gospel agora tem um dia nacional de celebração. Com o deputado Otoni de Paula, sancionei o projeto que institui o dia 9 de junho como o Dia Nacional da Música Gospel, dando visibilidade ao importante papel da cultura, da religiosidade e da fé de milhões de brasileiros e brasileiras”, disse Lula.
Para o pastor Zé Barbosa Jr, colunista da Fórum, o presidente tem se equivocado ao pensar que oficializar datas como essas o aproximam do povo evangélico: “atribuir ao sancionamento de dias festivos dos evangélicos (que na prática não significam ou mudam nada) a pequena redução da visão negativa do governo neste setor da sociedade pode ser um erro. Acredito muito mais que essa redução se dê por conta das políticas públicas que afetam diretamente o povo evangélico que vive nas periferias, isto sim colaborando para uma maior aprovação de Lula. Além do mais, vejo como extremamente perigosa a aproximação com líderes da laia de Otoni de Paula, que podem a qualquer momento, se voltar contra o presidente caso não atenda todas as suas ‘pautas moralistas’. Lula pode estar chocando o ovo da serpente”, diz Zé Barbosa.