Desde que uma tempestade deixou mais de um milhão de paulistanos sem luz na noite de sexta-feira, o candidato Guilherme Boulos já fez 28 postagens tratando direta ou indiretamente do assunto em sua rede mais popular, o Instagram, onde tem 2,4 milhões de seguidores.
Uma delas é um flagrante de campanha pró Ricardo Nunes feita aparentemente em um órgão municipal.
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Sugere que os apoiadores do prefeito estão mais preocupados com a reeleição do que em atender as demandas de paulistanos sem luz ou com ruas bloqueadas por árvores caídas.
Sentindo que o assunto pode se voltar contra ele na campanha e no debate da noite de segunda-feira, na Band, o prefeito se antecipou e culpou a Enel e o governo federal pelo caos.
A campanha de Boulos, porém, deu ênfase à falta de atendimento dos pedidos de poda feitos por munícipes em árvores que desabaram, responsabilidade direta da Prefeitura. Conseguiu alguns testemunhos disso na Vila Natal, zona Sul, onde uma árvore caiu sobre um automóvel e uma perua escolar.
Além disso, o candidato demonstrou pessoalmente a inoperância do número do atendimento de emergências da Prefeitura, o 156.
No fio da navalha
Embora tenha cobrado Ricardo Nunes com firmeza, é incerto o tom que Boulos usará no debate da Band, marcado para a noite desta segunda-feira.
É que a propaganda eleitoral do prefeito tem repetido, com algumas nuances, o discurso de vitória de Nunes no primeiro turno, quando ele se comparou a Boulos:
A diferença entra a ordem e a desordem, a diferença entre a experiência e a inexperiência, entre a boa gestão e a interrogação, a diferença entre o diálogo, a ponderação e o equilíbrio contra o radicalismo.
O bolo amarelo fica
Durante a campanha do primeiro turno, críticos à esquerda de Boulos pediram que ele abandonasse o tom "paz e amor".
Na campanha de rua, a simpatia é representada por um boneco amarelo com uma cereja no topo, um bolo que traz um QR code e remete quem acessar à conta do candidato no TikTok, dedicado ao público mais jovem.
Além disso, em suas carreatas Boulos é acompanhado por personagens como o Homem Aranha, Tartaruga Ninja, Super Mario e o Chaves do seriado.
Críticos acusaram Boulos de infantilizar e despolitizar o debate. Uma das grandes preocupações da campanha, no entanto, é reduzir a rejeição do candidato.
Assessores do candidato alegam que os críticos desconhecem a dureza da vida na periferia de São Paulo.
Os bonecos inofensivos alegram a garotada e o próprio trocadilho com o "bolo" ameniza a imagem do candidato.
Atrás das crianças chegam os pais, que fazem postagens sobre Boulos em suas redes sociais.
Não é garantia de virada, mas uma das formas de enfrentar a acusação de "radicalismo" de Nunes, provavelmente testada em pesquisas qualitativas.