SUMIÇO DE TESOUROS HISTÓRICOS

Ataques de janeiro de 2023: Três Poderes contabilizam prejuízos milionários e perda irreparável

Um balanço dos prejuízos financeiros e da luta para recuperar objetos históricos valiosos após os atos de vandalismo

Créditos: Joedson Alves/Agência Brasil
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Há exatamente um ano, o Brasil testemunhou um dos momentos mais sombrios de sua história recente, quando os Três Poderes foram alvo de ataques que resultaram em prejuízos financeiros expressivos e na perda irreparável de itens históricos. Conforme um minucioso levantamento da CNN, os danos totais causados pelos atos de vandalismo em 8 de janeiro de 2023 superaram a marca de R$ 16 milhões, com algumas instituições ainda incapazes de quantificar totalmente os gastos com restaurações, reposições e indenizações.

 

Um Panorama dos Prejuízos

 

Supremo Tribunal Federal (STF)

O Supremo Tribunal Federal (STF) sofreu um prejuízo estimado em R$ 8,6 milhões. O edifício, alvo de intensos ataques, registrou 951 itens furtados, quebrados ou completamente destruídos. A reconstrução do plenário, incluindo a substituição de carpetes, cortinas e diversos itens, demandou um investimento de R$ 3,4 milhões. Até o momento, 116 itens foram restaurados, abrangendo esculturas, telas, galerias de retratos e objetos de mobiliário. Contudo, destaca-se a ausência de recuperação do relógio Balthasar Martinot Boulle do Século 17, que chegou ao Brasil pelas mãos de dom João VI em 1808.

 

Câmara dos Deputados

Na Câmara dos Deputados, os prejuízos financeiros totalizaram R$ 2,7 milhões. A manutenção do imóvel, que incluiu reparos em persianas, sistemas elétricos, hidráulicos e a substituição de vidros e carpetes, demandou R$ 1,2 milhão. Além disso, diversos bens patrimoniais foram danificados, e a restauração custou R$ 74,3 mil. Destaca-se a perda da escultura “The Pearl”, presenteada em 2019 ao então presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, cujo valor é estimado em R$ 5.000.

 

Senado Federal

No Senado Federal, o processo de recuperação dos bens de museu atingiu a cifra de R$ 483 mil. Pinturas a óleo de ex-presidentes, como José Sarney, Ramez Tebet e Renan Calheiros, foram danificadas, e o restauro de cada obra custou R$ 9.970. Destacam-se os custos significativos para a recuperação do quadro do “Ato de Assinatura da Primeira Constituição” do artista Gustavo Hastoy, com previsão de R$ 800 mil, e da tapeçaria do artista Roberto Burle Marx, no valor de R$ 250 mil.

 

Palácio do Planalto

O Palácio do Planalto registrou custos prediais totais de R$ 297,7 mil. A manutenção corretiva e preventiva incluiu reparos na parte elétrica, vidraçaria, divisórias especiais, pintura, bancadas e tampos de mármore, peças sanitárias e elevador danificado. Destaca-se a recente implementação de um laboratório no Palácio da Alvorada para a revitalização e recuperação de obras de patrimônio público da Presidência da República, custeadas pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).

 

Itens Históricos Irrecuperáveis e Iniciativas de Restauração

Um dos aspectos mais devastadores dos ataques de janeiro de 2023 foi a perda irreparável de itens históricos e culturais. Além do já mencionado relógio Balthasar Martinot Boulle do Século 17, que chegou ao Brasil em 1808, a escultura “The Pearl” está desaparecida. Em resposta a essas perdas, instituições como a Universidade Federal de Pelotas (UFPel) e a Embaixada da Suíça no Brasil têm colaborado em iniciativas de restauração e revitalização.

O relógio Balthasar Martinot Boulle e a caixa de André Boulle, destruídos durante os atos de vandalismo, serão revitalizados por meio de um Acordo de Cooperação Técnica formalizado com a Embaixada da Suíça no Brasil. A iniciativa suíça, de acordo com o órgão, reflete a profunda emoção e solidariedade com as instituições e a democracia brasileira.

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