EFEITO MANADA

Além de Thammy, outros 3 vereadores retiram apoio à CPI que mira o padre Júlio Lancellotti: "Fomos enganados"

Parlamentares alegam que foram enganados por Rubinho Nunes ao assinarem pedido de abertura de investigação

O Padre Júlio Lancellotti.Créditos: Rovena Rosa/Agência Brasil
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Ao menos quatro vereadores de São Paulo (SP) retiraram o apoio à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI), encabeçada pelo ex-membro do Movimento Brasil Livre (MBL), Rubinho Nunes (União Brasil), que tem como alvo o padre Júlio Lancellotti e objetivo escuso de criminalizar o trabalho do religioso em favor dos mais vulneráveis. 

O primeiro parlamentar da Câmara Municipal da capital paulista a retirar o apoio à CPI foi Thammy Miranda (PL). Logo depois, Xexéu Tripoli (PSDB), Sidney Cruz (Solidariedade) e Sandra Tadeu (União Brasil) seguiram o mesmo caminho. Segundo os vereadores, eles foram enganados por Rubinho Nunes ao assinarem o requerimento para a abertura da investigação. 

"Em nenhum momento foi citado o nome do padre no requerimento, se tivesse jamais teria assinado porque defendo o trabalho dele. O padre está lá para ajudar as pessoas, nós estamos do mesmo lado. O que está acontecendo é uma grande fake news, o vereador (Rubinho Nunes) está fazendo campanha política em cima", declarou Thammy Miranda em entrevista ao jornal O Globo. 

"Acredito que 90% dos vereadores que assinou não são contra o padre, assinaram com a intenção de proteger os usuários e as pessoas que moram em torno. Nossa intenção é de proteger e inclusive com a ajuda do padre", prosseguiu o vereador. 

Rubinho Nunes, que propôs a coleta de assinaturas para a instauração da comissão, afirma que pretende investigar "a 'máfia da miséria' que se perpetua no poder através de ONGs esquerdistas".

Arquidiocese de SP manifesta apoio ao padre Júlio Lancellotti

A assessoria de imprensa da Arquidiocese de São Paulo difundiu uma nota, na noite desta quarta-feira (3), em que se posiciona sobre a perseguição ao padre Júlio Lancellotti que vem sendo promovida pela extrema direita da capital paulista. 

O vereador Rubinho Nunes (União), um dos fundadores do Movimento Brasil Livre (MBL), articulou junto à cúpula da Câmara Municipal de São Paulo a instalação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar Organizações Não Governamentais (ONGs) que trabalham com pessoas em situação de rua.

A já chamada CPI das ONGs deve ser instalada assim que a Câmara Municipal de São Paulo retomar os trabalhos, em fevereiro. O alvo principal da comissão é a atuação do padre Júlio Lancellotti na região central da capital, mais especificamente na cracolândia, e a relação dele com as entidades. O religioso é referência nacional e internacional no trabalho de acolhimento dos mais vulneráveis. 

A Arquidiocese de São Paulo informou, no comunicado oficial, que acompanha "com perplexidade" a perseguição ao Padre Júlio através da abertura da CPI. 

"Na qualidade de Vigário Episcopal para a Pastoral do Povo da Rua, Padre Júlio exerce o importante trabalho de coordenação, articulação e animação dos vários serviços pastorais voltados ao atendimento, acolhida e cuidado das pessoas em situação de rua na cidade", diz a circunscrição da Igreja Católica. 

"Reiteramos a importância de que, em nome da Igreja, continuem a ser realizadas as obras de misericórdia junto aos mais pobres e sofredores da sociedade", prossegue a entidade religiosa.