MAIS PAPO-FURADO

VÍDEO: O ‘papo de maluco’ de Bolsonaro para atacar PF no caso da ‘Abin paralela’

Gravação com história confusa, sem pé nem cabeça e (como sempre) acusando o PT por algo supostamente ocorrido em 2015 já reverbera entre extremistas

Reunião em que Bolsonaro saiu com a nova tese sobre a 'Abin paralela'.Créditos: Twitter/Reprodução
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A técnica e o modus operandi seguem os mesmos. Encurralado pelas investigações da Polícia Federal que cada vez avançam mais sobre os crimes atribuídos a ele e seus filhos, Jair Bolsonaro (PT) lançou nesta terça-feira (30) a sua mais nova cortina de fumaça, e com elementos mais do que conhecidos: teorias da conspiração, “comunistas” e o PT.

Passadas 24 horas do cumprimento do mandando de busca e apreensão contra seu filho Carlos, acusado de ser o operador do chamado ‘gabinete do ódio’ e de liderar a tal ‘Abin paralela’, uma equipe de agentes federais que, agindo à margem da lei, estaria fazendo espionagem para fins escusos e pessoais do antigo clã presidencial, o antigo ocupante do Palácio do Planalto aparece num vídeo, ao lado do deputado federal Tenente-Coronel Zucco (PL), narrando uma história confusa, sem pé nem cabeça e, para variar, acusando o PT e a ‘esquerda’ de uma conspiração que teria, segundo a versão tosca, usado a Abin de forma irregular há nove anos, em 2015.

A gravação começa com Bolsonaro no que parece ser o quintal de sua casa em Angra dos Reis (RJ), de onde ele e os filhos saíram poucas horas antes da PF para ‘ir pescar’, nas primeiras horas de segunda (29). Ele está junto com bolsonaristas da região e acompanhado do parlamentar gaúcho de extrema direita que divulgou a ‘reunião’ em suas redes sociais. O ex-presidente começa falando do livro “Uma Ovelha Negra no Poder: Confissões e intimidades de Pepe Mujica”, uma obra de autoria Andrés Danza e Ernesto Tulbovitz, que conta passagens da vida do ex-presidente uruguaio.

O líder extremista diz que em 2015, quando era deputado, encontrou um exemplar do livro, em espanhol, na mesa de seu gabinete na Câmara Federal. Um assessor o teria contado do que se tratava e como ele, Bolsonaro, não fala espanhol, teria recebido depois uma espécie de resumo por parte deste funcionário parlamentar. De acordo com a narrativa maluca, o texto confessaria um caso de uso ilegal da Abin durante o governo da ex-presidente Dilma Rousseff, momento em que Bolsonaro começa a fazer provocações e ataques à PF, responsável por investigá-lo no episódio da ‘Abin paralela’.

A trama amalucada versa sobre uma suposta operação, usando grampos e escutas, e com o uso de um avião da FAB para buscar um representante estrangeiro do governo do Uruguai, em Montevidéu, para realizar uma reunião que conspiraria para promover a entrada da Venezuela no Mercosul. Trocando em miúdos, o puro suco do besteirol anticomunista e das teorias da conspiração, uma vez que, se tal fato ocorreu, como supostamente Mujica diz no livro, teria ocorrido dentro da legalidade e com a Abin realizando um trabalho oficial, a serviço dos interesses do Estado brasileiro naquele momento, bem diferente de colocá-la para bisbilhotar criminosamente críticos, detratores e adversários.

“Então tá aqui uma chance de a Polícia Federal investigar alguma coisa sobre a Abin na época que quiseram colocar a Venezuela pra dentro do Mercosul, e obviamente foi uma interferência de Estado muito grande, e assim, algumas agências de inteligência trabalham no Brasil”, diz Bolsonaro.

Veja o vídeo com a história desconexa: