Com um histórico de embates com o filho "02" de Jair Bolsonaro (PL), Michelle Bolsonaro foi a primeira do clã a se manifestar nas redes após ação da Polícia Federal (PF), que cumpriu mandados de busca e apreensão contra Carlos Bolsonaro (PL) e assessores dele e de Alexandre Ramagem (PL-RJ).
Carlos foi encontrado pela PF na casa do pai na praia de Mambucaba, uma vila histórica de Angra dos Reis (RJ). Foi de lá que ele, Jair e os irmãos, Flávio e Eduardo Bolsonaro, fizeram a live em que lançaram as diretrizes para os aliados que desejam ter o apoio do clã nas eleições municipais deste ano.
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Michelle foi a primeira a se manifestar, publicando um versículo bíblico nos stories de seu Instagram que condiz com o momento em que a família está vivendo no momento.
"Nenhuma arma forjada contra você prevalecerá, e você refutará toda língua que a acusar. Esta é a herança dos servos do Senhor, e esta é a defesa que faço do nome deles, declara o senhor", diz o texto, copiado do livro de Isaías.
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Segundo informações da GloboNews, os aparelhos celulares de todos os que estavam na casa em Angra foram apreendidos. Até o momento, Bolsonaro e os filhos não se pronunciaram sobre a operação da Polícia Federal.
Por volta das 12h30, Bolsonaro acompanhou agentes da PF até à rua. Em seguida, Carlos e Eduardo Bolsonaro apareceram no portão da casa em Angra. Nenhum dos três se pronunciou.
Fuga de barco
Segundo informações divulgadas também pela GloboNews, Bolsonaro e os filhos teriam fugido da casa de barco assim que os agentes da PF chegaram. Já Mônica Bergamo, na Folha, diz que o clã teria saído para pescar às 5h desta segunda-feira (29).
Por volta das 11h30, a GloboNews mostrou imagens de Jair e Carlos Bolsonaro entrando na casa.
Os investigadores ainda teriam apreendido um computador que pertence à Agência Brasileira de Informação, a Abin, com Carlos Bolsonaro.
Na rede X, Fabio Wajngarten, ex-Secretário de Comunicação (Secom) do governo Bolsonaro e advogado do ex-presidente, negou as informações.
"1- O Presidente @jairbolsonaro saiu para pescar as 5:00 com filhos e amigos bem antes de qualquer notícia. 2- Não foi encontrado nenhum computador de quem quer que seja na residência ou gabinete do vereador @CarlosBolsonaro", escreveu.
Bsuca e apreensão
A PF cumpre ainda mandados de busca e apreensão no Rio de Janeiro/RJ (5), em Brasília/DF (1), Formosa/GO (1) e Salvador/BA (1). A Polícia Federal busca avançar no núcleo político, identificando os principais destinatários e beneficiários das informações produzidas ilegalmente no âmbito da Abin, por meio de ações clandestinas.
Além de Carlos Bolsonaro, são alvos da operação: Luciana Paula Garcia da Silva Almeida, assessora do vereador; Priscila Pereira e Silva, assessora do deputado federal Alexandre Ramagem; e Giancarlo Gomes Rodrigues, militar do Exército que atuou na Abin durante o governo Bolsonaro. Na casa dele, em Salvador (BA), a PF apreendeu 10 aparelhos celulares.
Ex-diretor-geral da Abin, Ramagem foi alvo de busca e apreensão da PF na última quinta-feira (25). As investigações revelam que os assessores de Carlos solicitaram ao então diretor-geral da Abin informações sobre possíveis alvos do Gabinete do Ódio, estrutura que também era controlada pelo filho "02" de Bolsonaro.
Bomba
A operação de busca e apreensão que acontece nesta segunda-feira (29) na casa de Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ) tem um potencial explosivo sobre o clã tanto na questão criminal, quanto na estratégia de cooptação política.
A investigação sobre a "Abin paralela" revela que Jair Bolsonaro (PL) e os filhos montaram uma organização criminosa para espionar adversários políticos e até mesmo aliados próximos, como o ex-ministro da Justiça, Anderson Torres, um dos estrategistas da tentativa de golpe desencadeada após a derrota para Lula nas eleições de 2022.
Carlos Bolsonaro tem uma ligação estreita com Alexandre Ramagem (PL-RJ), que foi seu homem de confiança dentro do governo.
A investigação da PF deve revelar que era o filho "02" de Jair Bolsonaro - e não Ramagem - o líder da Organização Criminosa que criou uma estrutura paralela de arapongagem, que abastecia o Gabinete do Ódio, quem também é uma criação de Carlos.
Com a decisão de autorizar a busca e apreensão na casa e no gabinete de Carlos Bolsonaro, Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF) vê uma forma de unificar os inquéritos da "Abin Paralela" e das milícias digitais.
Em delação, o tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens da Presidência, já teria afirmado que Carlos definia as estratégias de Bolsonaro nas redes sociais e dava ordens para a equipe do gabinete do ódio, que era formada por Tércio Arnaud Tomaz, Mateus Matos Diniz e José Matheus Sales Gomes.
Com o avanço das investigações sobre a Abin Paralela, a PF e Moraes identificam o uso do sistema de arapongagem ilegal para determinar os alvos dos extremistas nas redes sociais.