(*Diferentemente do que foi publicado mais cedo, com base numa informação ‘confirmada’ pela jornalista Daniela Lima, da GloboNews e do portal g1, nenhum computador da Abin foi apreendido com Carlos Bolsonaro ou em seus imóveis. A informação já foi corrigida.)
Uma operação da Polícia Federal realizada na manhã desta segunda-feira (29) que teve como principal alvo o vereador carioca Carlos Bolsonaro (PL), filho do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), resultou na apreensão de três computadores e no celular do parlamentar municipal, que estava há alguns dias numa casa de verão que o pai mantém em Angra dos Reis, no Rio de Janeiro, na companhia dos irmãos Flávio e Eduardo, respectivamente senador e deputado federal. Eles saíram da casa em plena madrugada, às 5h, pouco antes da chegada dos policiais, e alegaram que tinham ido pescar.
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Já num imóvel em Salvador (BA), um militar do Exército identificado como Giancarlo Gomes Rodrigues, que já fez parte do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) no governo do presidente golpista Michel Temer, além de ter sido assessor do hoje deputado Alexandre Ramagem (PL-RJ) à época em que ele chefiava a Agência Brasileira de Inteligência (Abin), os agentes da PF encontraram dez aparelhos celulares e três notebooks, sendo um deles de propriedade da Abin. A esposa do militar é agente do órgão e a PF ainda não deu detalhes sobre o aparelho governamental apreendido.
A autorização para os mandados foi assinada pelo ministro Alexandre de Moraes, relator do caso. A Polícia Federal suspeita que, sob o mandato de Jair Bolsonaro, a Abin atuou como um braço de coleta de informações ilegais, sem autorização judicial, e também como fonte de informações falsas, depois disseminadas por perfis de extrema direita para difamar instituições e autoridades.
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Veja abaixo onde foram cumpridos os nove mandados de busca e apreensão:
Rio de Janeiro (RJ): 5
Angra dos Reis (RJ): 1
Brasília (DF): 1
Formosa (GO): 1
Salvador (BA): 1
A busca em Angra dos Reis ocorreu onde Jair Bolsonaro realizou uma live nas redes sociais no domingo (28). O ex-presidente e os filhos estavam no local durante esta manhã, e deixaram a casa de barco.
Operação Vigilância Aproximada
A operação desta segunda é um desdobramento de ação deflagrada pela PF na última semana para apurar o suposto esquema de espionagem ilegal na Abin durante o governo Bolsonaro. Em nota divulgada mais cedo, a PF informou que operação “busca avançar no núcleo político, identificando os principais destinatários e beneficiários das informações produzidas ilegalmente no âmbito da Abin, por meio de ações clandestinas”.
Veja a íntegra da nota da PF:
A Polícia Federal cumpre, na manhã desta segunda-feira (29/1), novos mandados de busca e apreensão em continuidade à Operação Vigilância Aproximada, deflagrada na última quinta-feira. O objetivo é investigar organização criminosa que se instalou na Agência Brasileira de Inteligência (Abin) com o intuito de monitorar ilegalmente autoridades públicas e outras pessoas, utilizando-se de ferramentas de geolocalização de dispositivos móveis sem a devida autorização judicial.
Estão sendo cumpridos nove mandados de busca e apreensão em Angra dos Reis/RJ (1) Rio de Janeiro/RJ (5), Brasília/DF (1), Formosa/GO (1) e Salvador/BA (1).
Nesta nova etapa, a Polícia Federal busca avançar no núcleo político, identificando os principais destinatários e beneficiários das informações produzidas ilegalmente no âmbito da Abin, por meio de ações clandestinas. Nessas ações eram utilizadas técnicas de investigação próprias das polícias judiciárias, sem, contudo, qualquer controle judicial ou do Ministério Público.
Os investigados podem responder, na medida de suas responsabilidades, pelos crimes de invasão de dispositivo informático alheio, organização criminosa e interceptação de comunicações telefônicas, de informática ou telemática sem autorização judicial ou com objetivos não autorizados em lei.